Ajuda do Brasil ao Líbano pode incluir acordo comercial
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Resumo da notícia
- Plano de um acordo comercial entre Mercosul e Líbano seria forma de incentivar empresas locais
- Projeto esbarra em incerteza sobre o futuro governo libanês
Autoridades brasileiras consideram propor uma aceleração das negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e o Líbano. A medida seria uma forma de ampliar a ajuda da região ao país devastado por uma explosão que destruiu quase metade de sua capital, Beirute, no início de agosto.
Na semana passada, uma comitiva brasileira liderada pelo ex-presidente Michel Temer viajou até o país no Oriente Médio. Consultas políticas e entregar doações estiveram no centro da agenda da missão.
Mas membros da comitiva revelaram à coluna que a possibilidade de um acordo comercial foi um dos temas avaliados pelos representantes de Brasília. O projeto brasileiro é de que o apoio ao Líbano não irá se limitar às doações e formas concretas de incentivos estão sendo avaliadas.
De acordo com o senador Nelsinho Trad, (PSD/MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a retomada de um processo negociador seria um "sinal positivo" na relação entre os dois países. "Essa seria uma forma prática de ajudar na recuperação econômica do Líbano", defendeu o senador, que esteve na missão oficial ao país no Oriente Médio. Segundo ele, o projeto está sob consideração.
No Itamaraty, a ideia de um acordo é vista como "ideal". Mas, realistas, negociadores brasileiros temem que um processo de conclusão de um acordo esbarre em dificuldades em ambos os lados.
A ideia é de que, com uma redução de tarifas para produtos libaneses, as exportações de certos setores poderiam ser incentivadas. O Líbano vive uma de suas maiores crises econômicas em décadas, com um salto de 49% na taxa de desemprego em apenas oito meses.
O projeto de um acordo comercial entre Líbano e o Mercosul não é novo. Desde 2015, reuniões vêm ocorrendo para definir setores e modalidades da possível liberalização. Em 2016, negociadores de ambos os lados realizaram intercâmbio de dados de comércio e tarifas.
Em outubro de 2019, uma primeira rodada de negociações formais chegaram a ocorrer em Buenos Aires. Mas, segundo diplomatas, um obstáculo foi a sensibilidade do setor de vinho, azeite e azeitonas. O segmento colocaria em concorrência direta produtos da Argentina e do Líbano.
O bloco, em 2018, exportou US$ 579 milhões ao Líbano, com um comércio composto essencialmente de carnes, café, chá e açúcar. Já Beirute exportou US$ 31,5 milhões, com a predominância de fertilizantes.
Um dos obstáculos, porém, é a incerteza política no Líbano. Com a queda do governo, uma definição de uma nova administração pode atrasar qualquer ideia de negociação e arrastar o processo por meses.
Um elemento que afetou ainda o processo foi a decisão oficial da Argentina, em abril de se desligar de todas as negociações externas conduzidas pelo Mercosul. Além do Líbano, existiam projetos com a Coreia do Sul, Cingapura, Canadá e Índia. "A Argentina deixou claro que a incerteza internacional e o estado de nossa economia sugerem interromper o progresso nessas negociações", disse o ministério das Relações Exteriores da Argentina em comunicado divulgado naquele momento.
Dentro do governo brasileiro, há quem sustente a ideia de que a retirada da Argentina dos projetos externos pode, até mesmo, ajudar a acelerar projetos que estavam suspensos.
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