Jamil Chade

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Reportagem

Escolhido de Trump acusou Lula de encobrir crimes de Maduro e censurar Musk

Marco Rubio, que terá a missão de chefiar a diplomacia de Donald Trump, é um velho conhecido do governo Lula. Nos últimos dois anos, ele tem criticado e atuado nos bastidores, acusando Brasília de ajudar Nicolas Maduro e outros líderes de esquerda na região. Ele também foi uma das vozes a atacar o Brasil por conta do tratamento a Elon Musk.

"Lula da Silva, do Brasil, é o mais recente líder de extrema esquerda que encobre a natureza criminosa do narco-regime de Maduro, dias depois de se reunir com o presidente Biden. Sob a fraca política externa do governo Biden, os tiranos em nossa região se sentem encorajados a buscar apoio internacional", escreveu em 2023 Rubio, senador da Flórida.

Em fevereiro de 2023, no The Epoch Times, ele também criticou a aproximação de Lula aos chineses. "Parece paradoxal, mas o presidente Lula da Silva, do Brasil, está buscando laços mais estreitos tanto com os Estados Unidos quanto com a China comunista.... Por enquanto, isso significa que ele aceitará o que puder obter tanto dos EUA quanto do PCC - desde que isso beneficie sua agenda", disse.

"O presidente Biden deve adotar uma linha firme com o novo presidente do Brasil, responsabilizando Lula por sua amizade com a China - bem como com outras ditaduras sangrentas, como as de Cuba, Nicarágua e Venezuela", afirmou.

Mas as críticas, nos últimos meses, também têm sido direcionadas contra Lula. Quando o STF suspendeu o X, de Elon Musk, Rubio divulgou um comunicado no qual pressionava o Brasil a "retificar" sua postura em relação à plataforma.

"Há algum tempo, tenho ouvido falar da campanha de censura governamental em andamento no Brasil", escreveu. "A recente decisão de proibir o X é a mais recente manobra do juiz Alexandre de Moraes para minar as liberdades básicas", criticou.

"Desde multar indivíduos e entidades privadas que buscam informações sobre o X até impor censura legal, o povo brasileiro está enfrentando sérias repressões pelo simples fato de se envolver em uma plataforma de mídia social. Para o bem das liberdades básicas e de nosso relacionamento bilateral, o Brasil deve retificar essa medida autoritária", disse Rubio.

"O banimento do X no Brasil, sob a administração Lula, levanta sérias preocupações sobre a liberdade de expressão e o alcance do Judiciário", completou.

Apoio à presidência de Bolsonaro

A partir de 2019, o senador publicou artigos em defesa de uma aproximação de Trump a Jair Bolsonaro. Segundo ele, o ex-presidente, ao assumir, "está inaugurando uma nova era na política brasileira que marca um afastamento dramático dos governos esquerdistas e antiamericanos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff".

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"Os governos esquerdistas anteriores prejudicaram a estabilidade econômica e política do Brasil, causando inflação mais alta, aumento das taxas de pobreza e queda nos níveis de renda per capita, mas o novo governo de Bolsonaro apresenta uma oportunidade de garantir uma aliança mais forte e estratégica com nossa nação que pode beneficiar o povo brasileiro", escreveu em janeiro de 2019.

"Para a paz e a estabilidade da região, é crucial que os Estados Unidos capitalizem essa oportunidade histórica de aproximar as duas nações mais populosas do Hemisfério Ocidental", escreveu Rubio, diante da eleição de Bolsonaro.

Segundo ele, um Brasil mais "estreitamente alinhado" com os EUA pode ser um "multiplicador de forças" na região. Para o senador, a parceria poderia ajudar os EUA a lidar com a crise p na Venezuela e ajudar a combater "as intenções malignas de regimes autoritários como China, Rússia e Irã, que pretendem expandir sua presença e atividades na América Latina".

"Juntos, podemos ajudar a afastar os países pequenos de sua dependência do petróleo venezuelano, que ajuda a criar dependência do regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro, um patrocinador estatal do tráfico de drogas (embora negue isso)", disse ele. "Ao mesmo tempo, essa parceria provavelmente aumentará a cooperação e o compartilhamento de tecnologia."

Rubio, na época, propôs que Trump fechasse com Bolsonaro acordos para fortalecer os laços de inteligência e defesa entre os dois países, aumentar o comércio, expandir o acesso dos EUA à indústria espacial do Brasil e apoiar a ascensão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em 2020, Bolsonaro e Rubio se reuniram. Naquele momento, a entrada da chinesa Huawei no Brasil e Venezuela estiveram na pauta.

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Rubio insistiu sobre a preocupação dos EUA sobre a aproximação da empresa chinesa ao Brasil, num momento em que o país avaliava a implantação da infraestrutura da rede de telefonia 5G.

O senador usou a reunião para fazer uma ameaça: a presença da Huawei no Brasil poderia impedir um acordo de cooperação entre americanos e brasileiros no setor de defesa e de inteligência.

Rubio também defendeu a entrada do Brasil em um acordo de comércio com os Estados Unidos, assim como na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e se torne um parceiro global da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Ainda em 2019, o senador enviou uma carta a Trump em apoio ao pleito do Brasil para aderir à OCDE.

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