OMS: vacinação será "desafio" em países com grandes populações
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Resumo da notícia
- Questionada sobre Brasil, agência ainda critica governos que vendem soluções mágicas para a pandemia.
- "As pessoas não estão procurando um unicórnio", disse Mike Ryan, diretor da OMS
- Organização pede de políticos "honestidade e transparência" sobre a crise
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que governos de países com grandes populações precisam começar a se preparar para uma operação sem precedentes de vacinação, o que envolverá uma ampla estrutura.
O alerta foi dado nesta segunda-feira, durante uma coletiva na qual a entidade apelou para que governos e políticos sejam "honestos" com suas populações sobre a pandemia e que não vendam "soluções mágicas". "As pessoas não estão procurando unicórnios", disse Mike Ryan, diretor de operações da agência, ao ser questionado sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro de promover aglomerações, promover a cloroquina e minimizar a doença.
Soumya Swaminathan, diretora-científica da OMS, destacou como a operação de vacinação não será como o que já existe pelo mundo. "Não estamos em uma campanha com crianças, mas adultos e grupos vulneráveis", disse. "Será um desafio", alertou.
De acordo com ela, governos já precisam iniciar seus planejamentos sobre como os profissionais de saúde serão treinados, se existe estrutura, seringas e dados sobre a população.
Além disso, a OMS alerta para a necessidade de que governos considerem como realizar a distribuição das vacinas para que os produtos cheguem de "maneira correta e ética" às pessoas que mais precisam.
O alerta sobre a dimensão do projeto de vacinação ocorre num momento em que governos vêm tentando passar mensagens de que o processo de imunização estaria próximo, algo que a OMS nega. Para a entidade, campanhas de grande escala apenas ocorrerão em meados de 2021.
No caso do Brasil, uma adesão do país à aliança mundial de vacinas poderá custar mais de R$ 4,4 bilhões para que o governo garante a vacina para 20% da população.
Até o dia 18 de setembro, um contrato terá de ser fechado entre a OMS e o Brasil e, em outubro, o pagamento da primeira parcela de 15% do valor deve ser realizada.
Existem ainda dúvidas sobre como cada governo irá aprovar as vacinas. Entre as diferentes candidatas, a OMS destaca que está em contato com a agência de regulação da China. "Nosso escritório na China está trabalhando com as autoridades chinesas. Estamos em contato direto e compartilhando informações e critérios para a aprovação internacional de vacinas", explicou a brasileira Mariângela Simão, vice-diretora da OMS.
Honestidade e unicórnios
A mensagem dada por governos às comunidades também é outro foco da atenção da OMS. Questionado sobre o Brasil, foi a vez de Ryan destacar a importância de que a crise não receba uma resposta política, e sim científica. Segundo ele, as pessoas se dão conta da manipulação, o que acaba se transformando em um eventual futuro golpe contra os mesmos políticos que agiram dessa forma.
"Às vezes, mensagens são mandadas para comunidades com um tom político", disse. O diretor da OMS apontou que construir confiança entre governos e cidadãos leva anos. Mas romper essa relação é uma questão de segundos. "Essa é a questão: governos criam confiança com a comunidade ao dar apenas informação confiável com base em evidência", disse.
Sem citar especificamente o caso do Brasil, mas respondendo a uma pergunta sobre Bolsonaro, o diretor da OMS ainda destacou como comunidades têm a capacidade de rapidamente entender quando uma mensagem é politicamente manipulada ou distorcida pelo governo. E, segundo ele, isso frequentemente custa caro politicamente a um governante, meses depois.
"Se as coisas derem errado, as comunidades entendem. Mas se as comunidades entendem que estão recebendo informações manipuladas politicamente ou gerenciadas de uma forma que distorce evidências, isso volta ao governo mais tarde", disse.
Para Ryan, as autoridades precisam ser "transparentes", "honestas", admitir erros ou dizer claramente que existem incertezas. "As pessoas podem absorver isso. As pessoas são espertas", disse.
"As pessoas são realistas e não querem respostas mágicas. Não estão procurando unicórnios. Eles entendem e vivemos num mundo real. Tentar apresentar soluções simplistas não é uma estratégia vencedora com populações", completou.
Ryan ainda acenou para o fato de que, no Brasil, governos estaduais estão engajados com suas populações. De acordo com ele, "cidadãos no Brasil e muitos países podem ter informações de fontes múltiplas".
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