Em documento, Araújo critica "posicionamento dogmático" da OMS na pandemia
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O chanceler Ernesto Araújo critica a OMS por sua gestão da pandemia da covid-19 e acusa a agência por adotar uma postura "dogmática". Num documento submetido em 2 de setembro à bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, o chefe da diplomacia brasileira deixou claro sua insatisfação em relação à agência mundial de Saúde.
Ao longo dos últimos meses, diferentes membros do governo brasileiro, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, teceram críticas à direção da OMS. O tom repete o mesmo discurso adotado pelo governo de Donald Trump contra a agência.
No documento, o Itamaraty garante que tem mantido "ativa participação nas discussões na OMS", assim como em outras organizações.
Mas deixa claro que a OMS terá de mudar. "O Ministério das Relações Exteriores tem defendido maior transparência e celeridade na divulgação e apuração de informações sobre o SARS-CoV-2 por parte dos organismos internacionais relevantes, sobretudo da OMS", disse o ministro, indicando que tem mantido contato com governos estrangeiros para obter informações sobre a situação das pesquisas sobre o vírus.
"A pandemia revelou limitações e deficiências da OMS", escreveu Araújo. "Entre os pontos mais críticos assinalados na atuação da OMS, destacam-se: i) opacidade de processos de decisão, de revisão e de avaliação; ii) estrutura rígidas e ferramentas inadequadas, iii) posicionamento dogmático e lento diante da realidade cambiante; iv) recursos financeiros e humanos insuficiente e contingenciados".
Apesar de citar a falta de recursos, o Brasil é um dos maiores devedores da OMS, com um atraso no pagamento avaliado em US$ 32 milhões.
O Itamaraty ainda explicou que aderiu a uma proposta da UE para investigar a resposta da agência à pandemia. "Deverão ser esclarecidas as circunstâncias do aparecimento da doença e, consequentemente, as responsabilidades dos eventuais agentes envolvidos", destacou Araújo.
O governo brasileiro, porém, não conseguiu colocar nenhum de seus especialistas nos grupos formados pela comunidade internacional para conduzir uma reforma da OMS. A exclusão de brasileiros foi interpretada em Genebra como um sinal da perda de prestígio da diplomacia do país.
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