Em defesa da República
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Entre as várias definições da República em diferentes momentos da história, uma delas se refere ao fato de que estamos tratando de um sistema que permite que uma minoria tenha seus direitos respeitados e garantidos, mesmo quando não faça parte do governo que chegou ao poder.
Ao optar deliberadamente pela humilhação e escárnio, os membros do atual governo asfixiam algumas das bases da convivência cívica num país já marcado pelo racismo estrutural e a desigualdade imoral.
A pandemia expôs um grupo no poder que demonstra a cada dia que não sabe qual o limite da indecência. E, em lives acompanhadas por personagens caricatos que desafiam ouvidos e sentido comum, enterram a cada instante as regras de uma república.
Como eu já escrevi, não é o gabinete que é de ódio. O discurso é repleto de morticínio. Morte de uma república profanada e insultada, infiltrada em suas agências de estado por dogmas e corroída pela mentira.
Seriam ainda os ecos distantes dos brados de "Viva la muerte" dos falangistas diante da alma inconformada de Miguel de Unamuno, reitor da Universidade de Salamanca?
Parte da sobrevivência da parceria entre direitos, república e democracia passa pelas escolhas que fazemos nas urnas e nossa ação diária na defesa das instituições. Neste dia 15 de novembro, uma vez mais, somos chamados a cumprir esse papel e a renovar a ideia de que o futuro está em nossas mãos.
Poderemos ter uma vacina para a covid-19. Mas não existe uma vacina para blindar o sistema de ataques constantes do vírus da degradação institucional. Essa tarefa depende de nós.
Dilacerada por violações diárias, a república clama por ajuda e a nossa geração tem um dever histórico de permitir que ela resista de mãos dadas com a democracia.
No verão de 1787, enquanto um grupo redigia o que seria a nova estrutura de poder nos Estados Unidos, uma multidão se encontrava diante do que ficaria conhecido como Independence Hall. Após horas de debates, Benjamin Franklin deixou a sala e se deparou com as pessoas que aguardavam por notícias.
Uma senhora se aproximou a ele e perguntou: "Então? O que temos?"
Franklin respondeu: "Uma república, senhora, se você conseguir mantê-la".
Aquele era um alerta. Os fundadores de uma república podem fazer leis e estabelecer princípios. Mas a tarefa de manter uma democracia e uma república cabe a cada uma das gerações, em uma construção permanente. Sem exceções.
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