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Jamil Chade

OMS: vacinação ampla contra covid-19 terá de esperar entre 4 e 6 meses

Pfizer diz que vacina contra COVID-19 tem 95% de eficácia e vai pedir autorização emergencial - Daniel Schludi (Unsplash)
Pfizer diz que vacina contra COVID-19 tem 95% de eficácia e vai pedir autorização emergencial Imagem: Daniel Schludi (Unsplash)

Colunista do UOL

18/11/2020 14h22

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Resumo da notícia

  • Para OMS, vacinação em massa deve se consolidar no fim do primeiro semestre de 2021
  • Há preocupação de que notícias sobre vacinas gerem relaxamento nos cuidados
  • Projeções indicam que um bilhão de pessoas poderão ser vacinadas no próximo ano

Em meio a uma onda de notícias positivas sobre os resultados dos testes de imunização, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta: vacinas por si só não vão levar o vírus da covid-19 a desaparecer e campanhas substanciais de vacinação apenas ocorrerão em quatro ou seis meses.

Mike Ryan, diretor de operações da OMS, destacou nesta quarta-feira que a vacina será um "enorme instrumento extra" para lutar contra a pandemia. "Mas, segundo ele, é uma ilusão pensar que a vacina será a solução definitiva e insiste que as doses não chegarão a grande parte da população no curto prazo. "Teremos mais 4 a 6 meses até que haja uma vacinação substancial", disse.

Hoje, projeções indicam que um bilhão de pessoas já poderão ser vacinadas até o final de 2021. Mas, no primeiro semestre, o abastecimento será limitado.

Documentos internos da aliança de vacinas Covax ainda apontam que adultos e jovens devem ser vacinados apenas em 2022, já que os primeiros lotes terão de ser destinados a idosos, profissionais de saúde e pessoas com doenças crônicas.

Na OMS, a preocupação nos bastidores é de que os dados divulgados sobre a eficácia de vacinas levem uma parcela da sociedade a abandonar medidas de controle, justamente num momento em que os números de novos casos batem recorde. Na Europa, hospitais começam a viver uma situação crítica e as mortes voltam a subir.

Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS, também defende que governos insistam em manter suas políticas de controle. "A vacina não existe ainda. Mas vimos como certos governos conseguiram agir", afirmou. "A vacina é a esperança. Mas o comportamento das pessoas também é a esperança", insistiu.

Higiene e distanciamento seguem como armas contra covid-19

Para Ryan, central nessa fase crítica é o comportamento de cada pessoa. Para ele, uma atitude responsável pode evitar que hospitais entrem em colapso de novo e o distanciamento também evita que pessoas morram mais cedo. Na reta final até o início de uma "era das vacinas", o representante da OMS estima que que o número de mortes possa ser freado se houver uma postura consciente das populações.

"A única forma de lidar é reduzir a exposição de cada pessoa", defendeu Ryan.

Para ele, mesmo se houver uma vacina, sem que medidas sejam adotadas para manter o distanciamento social e higiene, não haverá uma eliminação da doença. "Mas com o distanciamento, higiene, cuidado e vacinas, podemos ir longe", disse.