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Padre Júlio rebate Bia Doria: Quantos empregos a senhora oferece?
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"Eu vou gritar todas as vezes que tirarem o prato de comida" da população mais vulnerável. O recado é do padre Júlio Lancellotti, que rebateu os comentários da primeira-dama de São Paulo, Bia Doria.
Nesta sexta-feira, em entrevista ao Universa, a esposa do governador João Doria foi questionada se o número de abrigos para a população carente era suficiente. Em sua resposta, ela disse:
"Tem abrigos para todos e são bons. O orçamento que o estado de São Paulo passa para as ONGs daria para construir não sei quantos prédios por mês, mas ninguém pode mexer nelas senão todo mundo começa a gritar. Tira um prato de comida do padre Júlio Lancellotti para ver como ele grita. Agora pergunta quantas pessoas ele tira da rua? As pessoas precisam voltar para a sociedade, as pessoas precisam tirar da cabeça esse assistencialismo".
Procurado pela coluna, o religioso respondeu:
"Através dos nossos projetos de convivência com a população de rua nós temos hoje um rapaz que era morador de rua e que é médico, temos vários que são assistentes sociais, vários que são psicólogos, temos várias que são enfermeiras, temos vários que, pelo trabalho com entidades católicas, hoje já não estão morando na rua", disse o religioso.
Para ele, porém, o problema é que o sistema é "impeditivo" e cria obstáculos para que a pessoa supere a condição em que se encontra.
"Eu perguntaria com todo respeito à senhora Bia Doria: quantos empregos a senhora oferece? Quantas casas estão disponíveis pelo estado para locação social? Quantas mulheres com crianças tem local para ficar e recebem proteção social?"
Padre Júlio Lancellotti, vigário episcopal para a população de rua da Arquidiocese de São Paulo
Aos 72 anos, o responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, é padre desde 1985 e foi um dos fundadores da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, em 1977, antes mesmo de ser ordenado. Desde 1993, padre Júlio coordena a Pastoral do Povo de Rua.
"As ações da Igreja alimentam milhares de pessoas. E todas as vezes que tirarem o prato de comida deles eu vou gritar. E vou gritar também contra as acusações que nos fazem. Nós trabalhamos convivendo com eles para que eles tenham força e coragem para superar a miséria que vivem", disse.
"Eu não tiro ninguém da rua. As pessoas é que saem da rua", completou o religioso.
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