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Indígenas pedem que BlackRock suspenda investimentos
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Líderes indígenas enviam uma carta exigindo suspensão de investimentos por parte da BlackRock diante de denúncias de desmatamento e violações aos direitos humanos. No texto, mais de 80 lideranças alertam que a BlackRock - a maior gestora de recursos do mundo - é responsável pela violação dos direitos à terra e dos direitos humanos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Os signatários, dentre os quais estão Sonia Guajajara, Eloy Terena e diversos ganhadores do prestigioso Prêmio Goldman de Meio Ambiente, apontam para os investimentos contínuos e em grande escala da BlackRock em empresas ligadas a desmatamento, conflitos em territórios indígenas e combustíveis fósseis que são responsáveis por violações aos direitos humanos.
"Os investimentos da BlackRock têm impacto em nossa vida e em nossas comunidades e, portanto, a liderança da empresa tem responsabilidade sobre nosso futuro. Se a Amazônia for destruída, o futuro de todo o planeta estará em risco", afirma Eloy Terena, Coordenador Jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
De acordo com os líderes indígenas a BlackRock divulgou um memorando em que garante sua "prioridade" com as questões ambientais, incentivando as empresas em que investe a adotar políticas de "não desmatamento", a considerar a biodiversidade em suas operações e obter o consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas "para iniciativas que afetem seus direitos".
Para os ativistas e líderes, tal comportamento é resultado de anos de pressão. Mas os indígenas alertam que, em tal política, a BlackRock "não determina nenhum mecanismo claro de responsabilização que será adotado para garantir que seu "engajamento" resulte em melhorias concretas para as comunidades, ecossistemas e o planeta".
"Apesar de seu último anúncio em direção ao Acordo de Paris, a BlackRock não possui uma política concreta para tratar dos investimentos que afetam os povos indígenas e nossos territórios. Ela não se comprometeu a pressionar as empresas para pôr fim ao desmatamento na Amazônia. Nosso chamado à BlackRock é claro: salvaguardar os direitos dos povos indígenas e eliminar o desmatamento e as violações aos direitos humanos dos seus investimentos", afirma Sonia Guajajara, Coordenadora Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Na avaliação dos signatários, apesar do compromisso que a BlackRock assumiu em janeiro, de zerar as emissões líquidas até 2050, ela "pouco fez para garantir que seus investimentos respeitem os direitos humanos, os direitos à terra e a autodeterminação dos povos indígenas e das comunidades locais".
"A BlackRock continua sendo uma das maiores investidoras nos dois maiores motores da crise climática: combustíveis fósseis e commodities agrícolas industriais ligados ao desmatamento, como óleo de palma, soja, gado, celulose e papel. Essas indústrias violam regularmente os direitos das comunidades indígenas e locais", denunciam.
Os signatários da carta vêm de alguns dos biomas mais sensíveis do mundo, incluindo a Amazônia e as florestas tropicais da Indonésia e da África Ocidental. Eles escrevem que não são apenas suas terras, lares e culturas que estão em jogo, mas sua própria vida.
"Comunidades em todo o mundo têm enfrentado uma epidemia de violência, assassinato e criminalização nas mãos das indústrias extrativistas. Em 2019, pelo menos quatro defensores da terra e do meio ambiente foram assassinados por semana por defenderem seus territórios ancestrais. As comunidades e ativistas de linha de frente costumam ser os primeiros a responder aos impactos destrutivos - e letais - da crise climática ao enfrentar empresas que destroem florestas, poluem mananciais e causam a extinção de espécies animais", completa a carta.
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