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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Queiroga sinaliza à OMS que quer dobrar compra de vacinas da Covax

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chega para reunião com Eduardo Pazuello no ministério da Saúde, em Brasília - EFE/Joédson Alves
O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chega para reunião com Eduardo Pazuello no ministério da Saúde, em Brasília Imagem: EFE/Joédson Alves

Colunista do UOL

29/03/2021 10h34

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O governo brasileiro sinalizou em reuniões com a OMS (Organização Mundial da Saúde) que poderá aumentar as compras de vacinas a partir da Covax, o mecanismo global para a distribuição de doses. Não, porém, nenhum tipo de acerto está estipulado e nem uma previsão de quando o acordo poderia ser concluído.

Em 2020, as autoridades do Ministério da Saúde e Itamaraty decidiram aderir ao projeto, depois de semanas de indefinição. Mas optaram por comprar o número mais baixo de vacinas possível. Pelo mecanismo, governos poderiam adquirir doses para atender a um total de 10% ou 20% de suas populações.

O Brasil optou por comprar doses equivalentes apenas aos 10% dos habitantes, com cerca de 42 milhões de doses.

Mas, segundo informou à coluna a Organização Panamericana de Saúde, o novo ministro Marcelo Queiroga sinalizou para a direção da agência que tem a intenção de elevar esse montante para 20%, o que representaria compras de mais de 80 milhões de doses.

Por enquanto, o governo brasileiro recebeu apenas 1 milhão de doses da Covax. Mas espera obter até maio cerca de 9 milhões de doses. O restante viria a partir de junho.

A sinalização ocorre no momento em que, pelo segundo mês consecutivo, o governo oferece um volume menor de vacinas do que seu cronograma oficial estipulava. O plano previa 38 milhões de vacinas para março. Mas o total pode ficar em apenas 24,7 milhões.

Brasil resistiu em fazer parte da iniciativa

A adesão do Brasil ao mecanismo foi alvo de polêmicas. Quando foi lançado, em abril de 2020, o governo sequer fez parte. Consultado naquele momento pela coluna, as autoridades em Brasília explicaram que o governo tinha "outras alianças" em vista. Nunca foram explicadas quais seriam essas alianças.

A adesão acabou ocorrendo. Mas o governo acreditava que existiam pontos que não convinham ao país. O mecanismo não previa transferência de tecnologia e o governo assumiria a responsabilidade por qualquer efeito colateral da vacina.

Por ser um país de renda média, o Brasil acabaria sendo um dos países que mais pagaria pelas doses.

Mas também pesou o fato de que o chanceler Ernesto Araújo tenha tentado esvaziar qualquer ação multilateral, por uma questão de ideologia. A Covax, portanto, não fazia parte do que ele acreditava que seria uma resposta à crise.