Topo

Jamil Chade

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

OMS: Brasil sofre "perdas terríveis" e medidas sociais serão necessárias

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante entrevista coletiva em Genebra -
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante entrevista coletiva em Genebra

Colunista do UOL

09/04/2021 07h04

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Resumo da notícia

  • Mensagem ocorre dias depois de o presidente Jair Bolsonaro deixar claro que não adotará medidas de lockdown
  • OMS aposta em nova relação com ministro Marcelo Queiroga para buscar soluções para o país

Com mais de 4 mil mortes em 24 horas e sem um sinal claro de uma queda da transmissão, o Brasil é alvo de um novo alerta por parte da OMS (Organização Mundial da Saúde). Nesta sexta-feira, a entidade fez um apelo para que as autoridades nacionais adotem medidas sociais e insiste que tais ações "funcionam". A OMS também aponta que as variantes do vírus que gera a covid-19 estão "tendo um impacto" no Brasil.

"Estamos profundamente preocupados (com o Brasil)", disse Margaret Harris, porta-voz da OMS durante coletiva de imprensa na ONU nesta manhã. Segundo ela, o país está "sofrendo perdas terríveis". "As medidas sociais funcionam e precisam ser aplicadas", defendeu.

Na última semana, a alta no número de mortes no país foi de 24%, um ritmo duas vezes maior que a média mundial. Os dados também revelam que o país registra em média um terço das mortes diárias no mundo.

A mensagem da OMS ocorre dias depois que o presidente Jair Bolsonaro descartou qualquer ação no sentido de um lockdown. "Sabemos que são medidas difíceis. Mas pessoas precisam apoio para evitar locais fechados, aglomerações", disse Harris.

Ela ainda apontou que o governo precisa agir para identificar onde estão os casos positivos e estabelecer medidas para isolar as pessoas contaminadas. "Essas medidas funcionam pelo mundo", insistiu Harris, admitindo que as populações estão "cansadas".

Na última semana, a OMS passou a apostar numa nova relação com o Brasil, diante de gestos de aproximação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Existe, porém, um temor de que a cooperação entre a agência e o governo seja minada por alas dentro do Palácio do Planalto contrárias a um maior envolvimento internacional na crise sanitária brasileira.

Variantes tiveram impacto

A OMS ainda destaca que as variantes detectadas no Brasil estão sendo, em parte, responsáveis pelo salto no número de casos e mortes. "Estamos sendo informados diariamente sobre as variantes e estamos vendo que elas estão tendo um impacto no Brasil", admitiu.

O país não é o único foco da OMS. De acordo com Harris, a agência está "muita preocupada" com o aumento no número de novos infectados e número de mortes pelo mundo.

De acordo com ela, o cenário internacional registra seis semanas consecutivas de aumento de novos casos e três semanas de uma alta na incidência de mortes.

Harris acredita que existem alguns motivos para tal comportamento. Em parte, a alta vem da não aplicação de medidas sociais. Mas existem também indicações de que isso seria resultado das novas variantes do vírus e do fim de lockdowns.

"Precisamos aumentar medidas sociais. Elas precisam continuar, mesmo enquanto as pessoas estão sendo vacinadas", defendeu.

Outro fator destacado pela OMS se refere ao comportamento das pessoas vacinadas. De acordo com Harris, não existem provas de que as doses impeçam a transmissão da doença e, mesmo vacinada, a população deve continuar a lavar as mãos, manter distanciamento físico e usar máscaras.