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Sem Ernesto, Brasil e China estabelecem diálogo sobre vacinas
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Os chefes das diplomacias do Brasil e da China se reuniram na noite de sexta-feira, depois de meses de uma relação tensa e troca de ofensas. O encontro foi o primeiro do novo chanceler, Carlos França, que substitui Ernesto Araújo no comando do Itamaraty.
Na pauta do encontro estava o acesso do Brasil aos insumos chineses para a produção de vacinas. França recebeu como tarefa usar a rede diplomática brasileira para restabelecer uma busca intensa por vacinas, depois de meses em que o governo de Jair Bolsonaro esnobou acordos internacionais, ofertas de contratos e o fortalecimento de mecanismos na OMS.
Nas redes sociais, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, relatou que o encontro entre França e o chanceler Wang Yi resultou em uma aproximação. Segundo ele, os dois ministros "concordaram em reforçar as relações bilaterais, a coordenação multilateral e o combate conjunto à pandemia, além de promover a recuperação econômica".
Já do lado do Itamaraty, a reunião foi descrita de forma mais detalhada, indicando que os "chanceleres concordaram na urgência do combate à pandemia e da cooperação em vacinas, IFAs e medicamentos".
"Autoridades dos dois países estão em contato permanente para agilizar as remessas, essenciais para salvar vidas", escreveu o ministério brasileiro.
Segundo o Itamaraty, o encontro também serviu para tratar de "promissoras perspectivas em comércio e investimentos". "Conversaram sobre a evolução positiva do relacionamento sino-brasileiro e os números crescentes do comércio". Em 2020, o volume atingiu um novo recorde.
Sem Ernesto
Ao longo de meses, Ernesto Araújo usou encontros internacionais e mesmo reuniões ministeriais para atacar a China, alertando que existiria um plano para que Pequim ampliasse seu poder diante da pandemia. Seu comportamento levou a embaixada a fazer críticas explícitas contra o ex-chanceler e reduzir em parte a cooperação. Para os chineses, Araújo cumpria instruções que vinham de Donald Trump.
Apesar de o encontro ter sido descrito como positivo, fontes dentro do próprio Itamaraty desconfiam de que França terá uma margem estreita de atuação com a China, principalmente diante da influência de Eduardo Bolsonaro e uma ala mais radical do governo ainda pesando na formulação da política externa.
Há ainda um temor de que a China, ciente da dependência do Brasil em relação aos seus insumos, faça exigências claras em outros setores para que a cooperação possa ocorrer.
O Brasil também tentou ampliar o fornecimento de vacinas da OMS. Mas foi avisado pela entidade que tal cenário era "impossível" neste momento.
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