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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Novo cronograma da OMS não atende pedido de aumento de doses de Queiroga

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante entrevista coletiva em Genebra -
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante entrevista coletiva em Genebra

Colunista do UOL

13/04/2021 06h53

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Resumo da notícia

  • Ministro da Saúde havia solicitado uma antecipação de doses da Covax ao Brasil
  • A nova previsão indica que o país receberá quase 10 milhões de doses até junho
  • Em 2020, o governo Bolsonaro chegou a esnobar a aliança mundial de vacinas e apenas aderiu ao programa num segundo momento

A OMS não conseguirá atender a um pedido do governo brasileiro para antecipar doses de vacinas contra a covid-19, conforme havia solicitado o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Num novo cronograma de distribuição mundial de imunizantes publicado nesta semana, o mecanismo criado pela agência para enviar vacinas, a Covax, estima-se que o Brasil receberá um total de quase 10 milhões de doses até junho.

Numa primeira avaliação, realizada em janeiro, a OMS já havia informado o governo brasileiro que enviaria entre 10 milhões e 14 milhões de doses.

Por enquanto, a entrega chegou a apenas 1 milhão de doses ao país. Mas a entidade estima que haverá uma produção suficiente para preencher os compromissos com o governo até junho.

Não há, porém, espaço para um aumento de vendas, conforme pediu Queiroga numa reunião com a cúpula da OMS em março. No encontro, o novo chefe da pasta fez o apelo por um aumento de vacinas, antecipando as reservas que o país já havia feito por 42 milhões de doses ao longo de 2021. Ele também chegou a indicar a membros da agência internacional que o Brasil estaria avaliando ampliar as compras.

Mas, pela nova previsão, o Brasil receberá 9,1 milhões de doses da AstraZeneca, com grande parte da produção tendo origem na fabricação que ocorre na Coreia do Sul. Isso deve evitar os atrasos nas entregas de vacinas que estão sendo registrados quando as doses tem origem na fábrica do Serum Institute, na Índia, e que é a outra base de produção e abastecimento para a Covax.

Além desse montante, o cronograma oficial confirma a declaração de segunda-feira feita pelo Itamaraty de que o país receberá mais 842 mil doses da Pfizer, por meio também da Covax.

A aliança de vacinas foi criada em abril de 2020. Mas, naquele momento, o Brasil esnobou a iniciativa, alegando que contava com "outras alianças". O governo finalmente aderiu ao processo. Mas solicitou o menor número de doses possível pelo mecanismo, com 10% de cobertura da população.

No total, portanto, o Brasil comprou 42 milhões de doses. Grande parte, portanto, virá apenas no segundo semestre do ano.

A Covax ainda vive forte pressão diante da falta de vacinas. A entidade esperava entregar 100 milhões de doses ao mundo no primeiro trimestre do ano. Mas conseguirá atender apenas 38 milhões.

Até junho, a entidade espera distribuir 14 milhões de doses da Pfizer para 47 países, depois de já enviar 1,2 milhão de unidades da vacina em março.

No primeiro semestre, a Covax ainda espera distribuir 237 milhões de doses da AstraZeneca para 142 países. Mas a entidade admite que "alguns atrasos" podem ocorrer e doses que deveriam chegar aos países entre março e abril ficarão para maio e junho.

Um dos problemas se refere ao fato de que a Índia, ao ver um salto no número de novos casos da doença, passou a privilegiar a produção de vacinas para sua população, suspendendo as entregas aos parceiros internacionais e exportações.

Até o final de 2021, a meta da Covax é de distribuir 2 bilhões de doses aos países em desenvolvimento.