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Imunidade de rebanho levaria "anos" para ser atingida, alerta OMS
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Resumo da notícia
- Sem vacinas, 80% da população de um país teria de ser contaminada pelo vírus para romper a transmissão
- Levantamento da OMS estima que, nos locais mais atingidos do mundo, a covid-19 contaminou menos de 20% da população
- CPI no Brasil investiga se governo brasileiro adotou a estratégia de atingir uma imunidade de rebanho como forma de controle do vírus
- Estratégia geraria milhões de mortes extras e OMS insiste que apenas controle do vírus e vacinação podem ser caminho
Mesmo com mais de 166 milhões de casos confirmados da covid-19, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que o mundo levaria "anos" para atingir uma imunidade de rebanho em relação ao novo coronavírus e que, portanto, tal estratégia não faz sentido e levaria a milhões de mortes.
Num levantamento apresentado nesta terça-feira em Genebra diante da Assembleia Mundial da Saúde, a OMS constatou que o mundo ainda está "no ponto mais profundo da pandemia" e que, mesmo assim, as projeções indicam que apenas 20% da população teria sido contaminada, em alguns dos países mais afetados do mundo.
Para ter uma imunidade de rebanho natural e interromper a transmissão, porém, a OMS estima que 80% da população teria de ser contaminada. O resultado, porém, seria uma multiplicação de mortos. "Hoje, ninguém está nem perto de atingir essa marca", alertou Mike Ryan, diretor de operações da OMS em apresentação aos governos.
Ele admite que existe um amplo consenso de que existe uma subnotificação de enormes proporções no caso da pandemia, principalmente nas zonas rurais e mais pobres. Mas, ainda assim, não existem sinais de que uma imunidade de rebanho seja atingida "por anos".
"A maioria da pessoas continua suscetível ao vírus", alertou Ryan. Segundo ele, com um ritmo elevado de contaminação, a situação do mundo é ainda "frágil e volátil". Ryan ainda apontou que variantes do vírus continuarão a afetar o ritmo da expansão da crise e afetar os esforços globais.
No Brasil, um dos pontos investigados pela CPI da pandemia se refere à suspeita de que o governo de Jair Bolsonaro apostou na obtenção de uma imunidade de rebanho natural, como forma de controlar o vírus.
Para a OMS, apenas redução da transmissão do vírus, por meio de medidas de isolamento, pode criar uma ruptura no ritmo da pandemia. O problema, segundo Ryan, é que houve um "relaxamento" das medias em diversas partes do mundo, levando a picos de contaminação.
Outro caminho é a vacinação. Mas a disparidade ainda é profunda no que se refere ao acesso às doses.
De acordo com a agência, os países ricos e emergentes, que representam 50% da população mundial, concentram mais de 85% das vacinas. Bruce Aylward, representante da OMS, ainda aponta que, nos países ricos, a taxa de vacinação é 75 vezes maior que o índice de imunização dos países mais pobres.
Para ele, sair da fase mais crítica da pandemia vai exigir 250 milhões de doses de vacinas para os países mais pobres em apenas quatro meses. Sem elas, a meta de imunizar 20% dos países mais pobres até o final do ano não será atingida.
Ricos testam 125 vezes mais que países pobres
A disparidade não se limita à vacina. De acordo com a OMS, os países mais ricos estão realizando 125 vezes mais testes com sua população que nos países mais pobres. Para cada 100 mil pessoas, 530 testes são realizados por dia nas economias desenvolvidas. Nos países emergentes, essa taxa é de 107. Mas, nos países mais pobres, são apenas 3 testes por dia para cada 100 mil pessoas.
Para Aylward, os mecanismos internacionais existem para dar uma resposta a essa disparidade. Mas, para isso, a OMS precisa de US$ 18 bilhões em 2021 para garantir o acesso aos instrumentos de testes e vacinas.
A boa notícia, segundo a OMS, é que o setor médico tem tido maior sucesso ao lidar com casos mais severos da doença. No início da crise, 40% desses casos resultavam em morte. Hoje, a taxa caiu para 16%.
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