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Cedendo a líder de extrema-direita, Uefa proíbe símbolo LGBT em estádio
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Resumo da notícia
- Governo Orbán passou a controlar o futebol na Hungria, impondo valores ultraconservadores
- Com eleições em 2022, extrema-direita amplia uso do esporte como plataforma nacionalista
- Nova lei anti-LGBT proíbe acesso de menores ao assunto na escolas; Alemanha queria protestar
Pressionada pelo governo de extrema-direita da Hungria, a Uefa anunciou que está vetando o pedido de autoridades da Alemanha de iluminar o estádio em Munique para a Eurocopa 2020 com um arco-íris, o símbolo do movimento LGBT.
Nesta quarta-feira, Alemanha e Hungria se enfrentam pela última rodada da fase de grupos. Mas, em protesto contra a ofensiva do primeiro-ministro Viktor Orbán contra gays, as autoridades alemãs seguiram a nova iluminação.
A Uefa alegou que o evento não pode ser politizado e que, portanto, vetava a proposta. Mas ofereceu aos alemães o uso do símbolo em outras datas da Eurocopa.
A decisão dos cartolas europeus foi imediatamente aplaudida pelo governo de extrema-direita de Budapeste. Na semana passada, Orbán aprovou uma nova lei que proíbe menores de 18 ano de ter acesso a qualquer material que possa fazer referências à homossexualidade nas escolas. Empresas também terão de limitar a publicidade que possa sugerir qualquer tipo de símbolos ou imagens de gays. A lei foi denunciada pela UE e por ativistas de todo o mundo.
Mas o veto da Uefa ao protesto foi considerada como um reconhecimento por parte dos cartolas da influência de Orbán hoje na instituição. Governos como o da França criticaram e lamentaram a escolha da Uefa, enquanto movimentos LGBT denunciam cumplicidade por parte do mundo do futebol.
No jogo de abertura do time da casa, entre Hungria e Portugal, cartazes foram identificados na torcida com referências contra o movimento gay.
Essa não é a primeira vez que o governo húngaro veta qualquer referência LGBT no esporte. Em 2020, Budapeste aprovou uma lei que praticamente impede casais gays de adotarem crianças. Dias depois, o goleiro da seleção Péter Gulácsi declarou seu apoio a "famílias arco-íris". Imediatamente ele passou a ser questionado sobre seu "verdadeiro patriotismo" e se deveria continuar na seleção.
Quando János Hrutka, um ex-jogador, saiu em defesa do goleiro, ele perdeu seu emprego de comentarista num canal controlado por aliados de Orbán.
Antes da Eurocopa começar, Orbán ainda defendeu os torcedores húngaros que vaiaram os jogadores da Irlanda que, em um amistoso, se ajoelharam em protesto contra o racismo. "Isso é uma provocação", declarou o primeiro-ministro, que insistiu que tal protesto "não tinha lugar" em sua "cultura".
Já no jogo entre Hungria e França, neste final de semana, a Uefa foi obrigada a abrir investigações depois de receber denúncias de cartazes no público húngaro contra os protestos anti-racistas. Jogadores como Kylian Mbappe e Karim Benzema também foram alvo de sons imitando macacos quando pegavam na bola.
Política e Futebol
Na Uefa, a relação com Orbán de fato ganhou novos contornos nos últimos meses. Budapeste recebeu jogos de torneios de clubes que não puderam ser disputados em outros locais, por conta da covid-19. Além disso, durante a Eurocopa, o estádio na Hungria é o único a ter uma capacidade autorizada de público de 90%.
Com eleições previstas em 2022 e uma frente ampla sendo formada para tentar frear mais uma vitória do líder ultraconservador, Orbán foi procurar no futebol um instrumento para elevar sua popularidade.
Para a Euro, ele construiu o estádio mais caro do evento, o Puskás Aréna e que simbolicamente foi erguido no local do estádio construído na era comunista. A obra custou 600 milhões de euros.
Ao longo dos onze últimos anos, dez novos estádios foram erguidos no país, sempre por aliados do governo.
Na pequena cidade natal de Orbán, com 1,5 mil habitantes, o primeiro-ministro garantiu recursos para que a prefeitura construísse uma moderna arena com capacidade para três vezes a população da cidade.
Se não bastasse, os caciques do Fidesz - partido de extrema-direita de Orbán - passaram a controlar dez dos doze times da primeira divisão.
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