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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS: pandemia no Brasil vive expansão e vai na contramão do mundo

Cemitério em Manaus (AM) em meio à pandemia de coronavírus - Bruno Kelly/Reuters
Cemitério em Manaus (AM) em meio à pandemia de coronavírus Imagem: Bruno Kelly/Reuters

Colunista do UOL

23/06/2021 05h52

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Resumo da notícia

  • Na semana entre 14 e 20 de junho, mortes no mundo caíram 12%, mas subiram 7% no Brasil
  • Novos casos de contaminação sofreram retração de 6% na média mundial, mas aumentam em 11% no Brasil
  • Taxa de novos casos no mundo é mais baixa desde fevereiro

A pandemia da covid-19 no Brasil segue uma trajetória que vai no sentido contrário à média mundial. Dados oficiais da OMS (Organização Mundial da Saúde) publicados nesta quarta-feira revelam que os totais de novos casos e de mortes na semana que terminou no dia 20 de junho sofreram uma queda importante em comparação com os sete dias anteriores. Mas, no Brasil, a pandemia continua a ganhar força.

De acordo com o levantamento, o mundo viu uma redução de 6% no número de novos infectados, para um total de 2,5 milhões de casos entre os dias 14 e 20 de junho. As mortes caíram em 12%, para 64 mil. As taxas são as mais baixas desde fevereiro.

A OMS, apesar de comemorar a tendência, alerta que a mortalidade ainda continua elevada, com mais de 9 mil óbitos por dia no planeta.

No caso do Brasil, os dados revelam que a pandemia não segue a tendência global. Na semana, o país registrou um salto de 11% no número de novos infectados, para um total de 505 mil.

Os dados oficiais indicam, ao mesmo tempo, uma queda de 30% na incidência na Índia, que deixou de liderar o ranking de locais com maior número de novos infectados. Na semana, ela registrou 441 mil casos. Mas especialistas alertam que a subnotificação na Índia seria generalizada e que os números oficiais não mais refletem a realidade.

Na OMS, porém, a regra é a de trabalhar apenas com os dados oficiais, desde o início da pandemia. A subnotificação também seria um problema em outras regiões.

No ranking, a terceira colocação é da Colômbia, com 193 mil novos casos (aumento de 10%) e Argentina, com 149 mil e queda de 16%. Chama a atenção ainda da OMS a crise na Rússia, com um aumento de 31% nos casos em apenas uma semana e um total de 105 mil.

No Brasil, porém, os números são equivalentes a tudo o que o continente africano e Europa registraram oficialmente em sete dias.

O levantamento sobre o número de mortes também revela uma situação brasileira que continua a preocupar. Foram 14,2 mil óbitos na semana, um aumento de 7% em comparação à semana anterior. A Colômbia vive uma crise similar, com um aumento de 11% e 4,1 mil mortes. Já a Argentina registra uma queda de 14% na semana.

Apenas a Índia, com 16 mil mortos na semana, ainda supera as taxas brasileiras. Mas com uma população seis vezes maior. Na semana, todos os países da Europa somaram apenas 6 mil mortes, menos da metade da taxa no Brasil.

Variantes

Outro alerta da OMS se refere à proliferação de variantes. A entidade considera que elas são as principais ameaças para controlar a pandemia e apelam para que campanhas de vacinação sejam aceleradas.

A entidade destaca que existe uma queda na eficácia de certas vacinas diante das mutações, mas apenas de forma marginal. Segundo a OMS, empresas avaliam a possibilidade de uma terceira dose em determinados casos.

O novo mapeamento também mostra que a variante Alpha já está em 170 países, contra 119 países no caso da variante Beta. A variante Gamma, originalmente registrada em brasileiros, já se espalha por 71 países.

Mas a grande preocupação se refere à mutação Delta, considerada como mais transmissível que todas as demais. Originalmente identificada na Índia, ela já está em 85 países e a OMS apela para que governos ampliem medidas de controle social e não abandonem a máscara.