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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Europa supera EUA em vacinas aplicadas contra a covid-19

Protesto contra obrigatoriedade de vacina em Paris, na França - Pascal Rossignol/REUTERS
Protesto contra obrigatoriedade de vacina em Paris, na França Imagem: Pascal Rossignol/REUTERS

Colunista do UOL

30/07/2021 06h44

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Resumo da notícia

  • Depois de início lento, europeus distribuem 3,1 milhões de doses por dia, contra 590 mil nos EUA
  • Diante de resistência de parte da população, governo americano sugere dar US$ 100 por pessoa que optar pela vacina
  • 99% das mortes nos EUA ocorrem entre população não imunizada
  • Na França, vacina será exigida para entrar em bares e restaurantes, além de escolas em setembro

A Europa supera os EUA na vacinação contra a covid-19, depois de um início repleto de polêmicas, acusações entre líderes e escassez de doses. Nesta semana, a UE anunciou que já garantiu pelo menos uma dose para 70% de sua população, contra uma taxa de 69% nos EUA.

No total e considerando as duas doses, os americanos ainda superam os europeus, com 49,1% de sua população completamente imunizada, contra 47,3% na UE. Mas essa taxa também deve mudar em poucos dias, mesmo com uma população europeia superior ao total de habitantes nos EUA.

Os europeus estão vacinando em média 3,1 milhões de pessoas diariamente. Hoje, países como Dinamarca acumulam 122 doses para cada 100 pessoas, contra 121 na Bélgica, 118 na Espanha e 115 em Portugal. De uma forma geral, o bloco europeu já garantiu 103 doses para cada cem europeus, contra 102 nos EUA.

Se nos primeiros meses da vacinação a UE foi duramente criticada por ter centralizado a distribuição de doses e demonstrado as falhas no sistema de distribuição, as autoridades de Bruxelas acreditam que superaram a crise e fecharam novos acordos com empresas farmacêuticas.

Outra medida dos europeus que parece ter dado resultado foi a criação de "passaportes". Na França, a partir de setembro, crianças que não estiverem vacinadas não poderão ir às escolas e serão obrigadas a acompanhar as aulas por meios virtuais. Paris também ameaça não pagar profissionais de saúde que não se vacinem e um sistema entrará em vigor para impedir o acesso a restaurantes, bares e cinemas para quem não tiver provas de sua imunização ou testes PCR.

O grupo que se opõe à vacina vem protestando nos últimos dias, alegando que suas liberdades estão sob ataque. Mas o governo alerta que não haverá negociação. Os mesmos padrões estão sendo implementados, com diferentes modelos, em outros países europeus.

Enquanto o avanço da campanha de vacinação é visível pela Europa, a campanha vive um impasse nos EUA. Depois de chegar a vacinar mais de 3,3 milhões de pessoas por dia, entre abril e maio, a taxa hoje despencou para apenas 590 mil por dia.

Não há falta de vacina. Mas as autoridades descobriram que é cada vez mais difícil convencer uma parcela da população a buscar suas doses. A esperança na Casa Branca era de que, na medida em que a vacinação progredisse, os mais céticos acabariam cedendo. Mas isso não ocorreu.

O governo americano também deixou claro que 99% das novas mortes por covid-19 estão ocorrendo entre a população não vacinada. Mas nem essa taxa parece convencer.

Nesta semana, o Tesouro americano anunciou que está disposto a enviar dinheiro para estados e municípios que ofereçam 100 dólares por cada habitante que quiser se vacinar. Isso ocorre depois que algumas cidades se deram conta que pagar o cidadão funciona. Em Columbus, no estado de Ohio, a taxa de pessoas buscando a vacina aumentou em 288% depois que a prefeitura passou a oferecer dinheiro.

Já no estado de Colorado, cada pessoa vacinada ganha um vale de 100 dólares para gastar numa loja da Walmart.