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Jamil Chade

REPORTAGEM

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UE diz ter plena confiança em eleição transparente em 2022 no Brasil

Militares prestam continência a Bolsonaro - Presidência da República
Militares prestam continência a Bolsonaro Imagem: Presidência da República

Colunista do UOL

11/08/2021 04h42

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Email inválido

A UE declara sua confiança de que as instituições brasileiras vão promover eleições transparentes no Brasil, no próximo ano. "No geral, temos plena confiança nos trabalhos das instituições brasileiras para garantir uma eleição oportuna e transparente em 2022", disse Peter Stano, porta-voz da Comissão Europeia para política externa. Ciente de que o tema envolve um assunto interno brasileiro, ele deixou claro que "não é nem nosso hábito e nem nosso papel comentar em processos legislativos em andamento em nossos parceiros".

A declaração foi enviada à coluna por email na manhã desta quarta-feira, horas depois da derrota do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em sua tentativa de modificar o sistema de urnas no país.

Seu comportamento e ato militar que foi interpretado como uma provocação deixaram a comunidade internacional preocupada. Diplomatas estrangeiros confirmaram à coluna que a instabilidade no país tinha entrada no radar das capitais em várias partes do mundo.

Há poucos dias, o diretor sênior de Hemisfério Ocidental dentro do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Juan Gonzalez, explicou que uma delegação do governo de Joe Biden deixou claro ao presidente Bolsonaro que qualquer ataque ao sistema eleitoral seria recebido por hesitação pelo restante dos parceiros econômicos.

"Fomos muito diretos, expressando grande confiança na capacidade de as instituições brasileiras realizarem uma eleição livre e justa, com as devidas salvaguardas para proteção contra fraudes", disse Gonzalez ao descrever o encontro com o presidente brasileiro. "E ressaltamos a importância de não prejudicar a confiança nesse processo, até porque não há indícios de fraude em eleições anteriores", afirmou.

O governo brasileiro não respondeu publicamente ao alerta americano. Mas coube ao deputado Eduardo Bolsonaro publicar fotos em suas redes sociais ao lado do ex-presidente Donald Trump, que seguiu o mesmo padrão de tentar deslegitimar eleições.

O mesmo tom de garantia ao sistema foi usado na OEA, que já havia enviado uma missão de observação para as eleições no Brasil em 2018 e 2020. Em ambas, o alerta emitido não era de fraude no sistema eletrônico, mas sim a disseminação de desinformação como forma de manipular a confiança no processo eleitoral.

Na imprensa internacional, os gestos de Bolsonaro por uma mudança no voto e o desfile militar foram recebidos com ironia e caracterizados como um sinal de desespero do presidente brasileiro diante da baixa popularidade de seu governo. Para o Washington Post, Bolsonaro "segue a cartilha de Trump" e, apesar da derrota no Congresso, o jornal destaca em uma coluna que "a atmosfera não é motivo de risada"

O jornal francês Le Monde também fez referências ao modelo adotado pelo ex-presidente americano de contestar o voto em seu país.