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Caos em aeroporto isola milhões de afegãos e ONU negocia ponte aérea
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O caos no aeroporto de Cabul que fez pelo menos 20 mortos desde o domingo passado ameaça agora deixar o Afeganistão sem o abastecimento de remédios e alimentos, aprofundando uma crise humanitária de proporções inéditas nos 40 anos de guerras no país e, de fato, isolando milhões de pessoas sob o regime do Talibã.
Diante desse cenário, a OMS e a Unicef fizeram um apelo para que um acesso imediato seja assegurado para fornecer medicamentos, alimentos e outros materiais que salvam vidas a milhões de pessoas, incluindo para 300 mil pessoas deslocadas somente nos últimos dois meses.
O aeroporto se transformou numa espécie de espelho do caos vivido pelo Afeganistão, depois que o grupo fundamentalista avançou sobre a capital e levou milhares de pessoas a tentar fugir. O uso de jatos comerciais foi suspenso e, agora, os estoques de remédios e alimentos dão sinais de esgotamento.
"Embora o foco principal nos últimos dias tenha sido as grandes operações aéreas para a evacuação de afegãos, as enormes necessidades humanitárias enfrentadas pela maioria da população não devem - e não podem - ser negligenciadas", declararam as entidades.
Mesmo antes dos eventos das últimas semanas, o Afeganistão representava a terceira maior operação humanitária do mundo, com mais de 18 milhões de pessoas necessitando de assistência. Metade das crianças está desnutrida e o número de pessoas que depende de ajuda para sobreviver quadruplicou em cinco anos.
Tanto a OMS como a Unicef insiste que estão comprometidas a permanecer e a entregar ajuda ao povo do Afeganistão. "Entretanto, sem aviões comerciais atualmente autorizados a aterrissar em Cabul, não temos como conseguir suprimentos para o país", indicaram as organizações.
Ponte aérea humanitária
O sistema da ONU negocia neste momento a criação de uma ponte aérea humanitária para a entrega de ajuda ao Afeganistão.
"Conflito, deslocamento, seca e a pandemia da COVID-19 estão todos contribuindo para uma situação complexa e desesperada no Afeganistão", alertaram.
"As agências humanitárias precisam ser apoiadas e facilitadas para atender às enormes e crescentes necessidades do Afeganistão, e garantir que ninguém morra desnecessariamente devido à falta de acesso à ajuda", completaram.
Antes da tomada de Cabul pelo Talibã, a ONU havia recebido das grandes potências apenas um terço dos recursos que solicitou para atender aos 18 milhões de afegãos em crise humanitária.
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