Afeganistão: ONU fala em carnificina planejada e prevê 500 mil refugiados

A ONU (Organização das Nações Unidas) condenou os ataques terroristas no Afeganistão e pediu que os responsáveis sejam levados à Justiça. Números oficiais citados por autoridades em Cabul nesta sexta-feira indicam que as mortes já superam a marca de 108 pessoas, enquanto alguns relatos extraoficiais recebidos pelas Nações Unidas também apontam para mais de 110 vítimas.

Se na quinta-feira um total de 73 mortos tinham sido identificados, o Ministério da Saúde do Afeganistão confirmou nesta sexta-feira que já existem 95 vítimas confirmadas. O novo número inclui 72 civis e 13 militares americanos, ainda que o total de feridos graves seja elevado.

Um oficial de saúde e um oficial do Talibã disseram hoje também que entre os mortos estão 28 membros do Talibã.

O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado, indicando que a meta era atingir tropas americanas e seus aliados afegãos. Para os EUA, o ataque representou a pior perda de homens no Afeganistão num só dia em mais de uma década.

Meio milhão de refugiados

A crise no país, a tomada do poder pelo Talibã e o risco de uma guerra civil também irão gerar um êxodo ainda maior de afegãos. Nesta sexta-feira, a ONU apontou que prevê uma fuga de mais de 500 mil afegãos até o final do ano, principalmente na direção do Paquistão e Irã. Os dois países já acolhem 90% dos 2,5 milhões de refugiados afegãos pelo mundo.

A entidade lançou um apelo para que governos destinem US$ 300 milhões para que a agência humanitária possa garantir um apoio para os países da região que irão receber os refugiados. Segundo a ONU, se não houver esse apoio, esses mesmos afegãos vão tomar o caminho da Europa, em busca de melhores condições.

Enquanto isso, a tensão na ONU é sobre a possibilidade de uma nova guerra civil e os atentados foram considerados como uma demonstração da fragilidade atual da situação de segurança. "O ataque terrorista de ontem no aeroporto de Cabul foi uma ação horrenda da ISIL-Khorasan", declarou na manhã desta sexta-feira o porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Rupert Colville.

"O ataque foi claramente calculado para matar e mutilar o maior número possível de pessoas: civis - crianças, mulheres, pais, mães, assim como Talibã, e forças estrangeiras que protegem o aeroporto", indicou.

"Foi um ataque especificamente projetado para causar a carnificina, e causou a carnificina. Foi um ataque hediondo contra civis desesperados, e esperamos que os responsáveis sejam pegos e levados à justiça o mais rápido possível", completou.

A ONU admite que, neste momento, o Talibã "controla grande parte" do território afegão. Mas a entidade alerta que, sem acesso ao país, existe um risco real de que o país viva um desabastecimento de remédios. "Só temos suprimentos para mais alguns dias", admitiu a divisão humanitária da entidade.