Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Obscenidade de ministros é retrato fiel do governo Bolsonaro
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Visivelmente descontrolado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez gestos obscenos a manifestantes que protestavam contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Nova Iorque na noite de segunda-feira. Ao seu lado, o "moderado" chanceler Carlos França fazia uma "arminha" com as mãos contra os brasileiros, tão indecente quanto seu colega.
Respostas de um governo sem respostas, nem para a morte, nem para pobreza, nem para a fome, o desemprego, o desmatamento, a corrupção e nem para violência.
Um dedo do meio de um ministro que, no fundo, é o slogan de um governo decadente. Em pouco mais de dois anos e meio, o Planalto redefiniu a obscenidade e o gesto às vésperas da maior reunião diplomática desde o início da pandemia foi apenas a constatação da marca mais profunda da alma de um governo que profanou a república e o estado de direito.
Mas obsceno não é apenas o gesto de Queiroga pelas ruas de uma das principais cidades do mundo. Obsceno é usar a bandeira e o patriotismo oco como instrumentos de manipulação, enquanto o estado é sequestrado por interesses privados e familiares.
Obsceno é dizer que, em nome de Deus, crimes são autorizados. Obsceno é usar a religião como arma de poder, inclusive sobre o corpo da mulher. Obsceno é ensinar uma criança a fazer o gesto da morte, a homenagear torturadores, fazer apologia a ditadores e sucatear a cultura.
Obsceno é incentivar milícias (digitais e de carne e osso) organizadas para destruir reputações e vidas. Obsceno é dizer que não existe racismo.
Obsceno é o incentivo dado ao desmatamento que coloca nosso próprio futuro em risco. Obsceno é o apoio às atrocidades contra indígenas e ativistas no campo.
Obsceno é o uso da mentira como política de estado e ameaçar jornalistas, enquanto gabinetes do ódio são instaurados na total impunidade.
Obsceno é insultar líderes estrangeiros, queimar navios nos quais viriam a cura, mentir diante do mundo, zombar do outro, aplaudir a invasão ao Capitólio.
Obsceno é gargalhar dos mortos, minimizar a dor, não reconhecer o poder de um vírus, menosprezar a ciência e não mobilizar todas as forças para combater o inimigo. Obsceno é o número de quase 600 mil mortos e milhões de outras vítimas do desconsolo.
Obsceno é ameaçar a democracia todos os dias, atacar minorias e a Justiça. Obsceno é corromper poderes, grandes e pequenos, fechar o espaço cívico, impedir o diálogo com a sociedade civil e desmontar de forma deliberada uma nação.
Ao fazer os gestos que ficarão nos anais das participações do Brasil na ONU, Queiroga talvez tenha optado por ignorar que, diante de todas essas obscenidades, os insultados terão seu direito de resposta. Mais cedo ou mais tarde, a fraude que ocupa o poder neste momento terá encontro marcado com a história, com as urnas e, certamente, com a Justiça.
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