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Planalto articula visita de Bolsonaro a aliados de extrema-direita na UE
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O governo de Jair Bolsonaro tenta articular, para o começo de 2022, uma visita do presidente a seus aliados de extrema-direita na Europa. Hungria e Polônia estão na mira do Palácio do Planalto. Os dois países demonstraram, ao longo do mandato de Bolsonaro, uma aliança sólida com Brasília. Mas as visitas de alguns dos principais nomes desses governos ainda não foram retribuídas pelo brasileiro.
Três fontes do Itamaraty confirmaram à reportagem que a visita ainda está em "fase de planejamento", ainda que sua ida ainda não tenha sido oficialmente anunciada.
Mas a viagem ganhou um componente novo nos últimos dias, dando até mesmo um sentido de urgência ao projeto. Na Europa, diplomatas brasileiros e estrangeiros concordam que Bolsonaro foi "humilhado" diante da recepção que França, Alemanha, Espanha e a União Europeia concederam ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há uma semana.
As críticas públicas e nos bastidores contra o presidente brasileiro por parte de alguns dos principais líderes europeus também revelam um mal-estar. Em declarações exclusivas ao UOL, no início do mês, o presidente da França, Emmanuel Macron, admitiu que a relação com o Brasil "já teve momentos melhores".
Ainda assim, entre aliados do atual presidente, há quem defenda que ele continue a fazer viagens internacionais para tentar desfazer a ideia de que está isolado. Um destino "fácil" seria para os países do Leste Europeu.
Juntos, os três países atuam de uma maneira conjunta dos organismos internacionais para tentar estabelecer uma agenda ultraconservadora no que se refere aos direitos humanos, principalmente em temas relacionados à família.
Ao lado do Brasil, Hungria e Polônia também lideram projetos para ampliar a participação da agenda religiosa no debate diplomático internacional.
Desde 2019, diversas viagens entre ministros foram realizadas para Budapeste e Varsóvia, além de visitas de secretários e de filhos do presidente brasileiro. O chefe-de-governo da Hungria, Viktor Orban, ainda foi um dos poucos a comparecer à posse de Bolsonaro, há quase três anos. Polônia e Brasil ainda mantêm relações entre seus movimentos religiosos, inclusive com o financiamento de operações em ambos países.
Se as viagens se confirmarem, Bolsonaro visitará dois países que vivem intensas polêmicas e acusações de desmonte do estado de direito.
Andrzej Duda, na Polônia, é acusado formalmente pela UE de minar a independência do Judiciário e de atacar o movimento LGBTIA+. Em setembro a Comissão Europeia solicitou que multas diárias fossem cobradas do governo da Polônia, sob a acusação de que Varsóvia abala o estado de direito com suas regras.
Para a UE, a existência de uma Câmara de Disciplina no Judiciário está sendo utilizada para pressionar juízes ou exercer controle político sobre as decisões judiciais.
O governo Duda conseguiu a aprovação de uma lei que permite punir juízes que questionem as reformas propostas pelo Executivo. Tais comportamentos poderiam levar à demissão dos magistrados.
Para a UE, esse órgão precisa ser desmantelado. O governo polonês indicou que isso iria ocorrer. Mas até hoje não tomou medidas.
Desmonte do estado de direito e controle da imprensa
No caso da Hungria, o período de dez anos de Orban no poder permitiu que seu partido desmontasse parte dos controles democráticos em diferentes setores, minou áreas como educação e ainda realizou uma verdadeira ofensiva para controlar a imprensa.
A proximidade de Orban com o bolsonarismo ainda abriu as portas para que projetos em comum fossem avaliados no que se refere à família tradicional e questões de gênero.
Além de Polônia e Hungria, outra viagem que tenta ser organizada seria para a Rússia. Na próxima semana, o chanceler Carlos França fará uma visita oficial ao Kremlin, na esperança de costurar um eventual encontro entre Bolsonaro e Vladimir Putin.
Ainda em novembro, o presidente brasileiro evitou uma viagem à Conferência da ONU sobre Clima (COP26) e usou seus dias pela Itália para um encontro com Matteo Salvini, líder do movimento de extrema-direita em seu país.
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