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Apagão de dados no Brasil acende sinal de alerta entre técnicos da OMS
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Resumo da notícia
- Brasil realizou menos de 10% dos testes aplicados nos EUA e, hoje, vive uma falta de dados sobre evolução da variante ômicron
- Sem informações do governo, site da OMS registra a existência de mais casos na Grécia, com a população da cidade de São Paulo, que em todo o Brasil
- Apagão gera temor de que políticas públicas não estejam sendo adaptadas para a nova realidade da doença
O apagão de dados sobre a expansão de infecções pela variante ômicron, no Brasil, deixa técnicos e cientistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) alarmados. Membros do corpo de especialistas agência com sede em Genebra temem que, sem um controle e mapeamento da dimensão das contaminações pela variante, o Brasil possa entrar em uma nova fase de turbulência em relação à crise sanitária, com um impacto ainda nos países vizinhos.
De acordo com a OMS, na semana que foi concluída em 2 de janeiro de 2022, o mundo registrou uma taxa recorde de 9,5 milhões de casos de covid-19. Inédito, o número deve ser superado pelos registros já obtidos na semana que terminou neste fim de semana.
O problema, porém, é que o caso brasileiro acendeu um sinal de alerta na OMS e passou a ser usado internamente por alguns dos técnicos como "exemplo" de país onde o apagão está impedindo que o mundo tenha, de fato, uma percepção real da nova onda da covid-19.
"Há uma sensação de que o Brasil está voando no escuro", alertou um dos cientistas na OMS, que pediu anonimato. Após a publicação da reportagem, o escritório da OPAS e da OMS no Brasil emitiu um comunicado, apontando que as declarações dos especialistas tinham caráter pessoal. "A afirmação não deve ser tratada como posicionamento institucional", disse a OMS, em nota.
A coluna apurou também que, entre os membros de comitês técnicos, existe uma tensão diante de possíveis críticas em relação à gestão da pandemia por países. Ainda assim, a subnotificação em geral no mundo é uma questão que já chegou à cúpula do organismo.
De acordo com Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da agência, o volume de quase 10 milhões de casos na semana passada é apenas parte da história e há uma constatação de que a subnotificação é importante.
Para técnicos dentro da agência, a testagem continua sendo um ponto fundamental no combate contra a covid-19, apesar da explosão de casos da ômicron. Hoje, segundo o site World in Data, o Brasil é o país da América do Sul que menos testa entre os governos que revelam seus números.
Em uma semana, foram 0,23 teste da doença por 1 mil pessoas. Na Argentina, a taxa superou 2 testes por mil pessoas.
Contabilizando desde o início da pandemia, o site Statista aponta que 63 milhões de testes foram realizados no Brasil, menos de 10% dos 813 milhões de testes nos EUA e inferior ao volume de exames na Espanha, país com a população do estado de São Paulo.
Terceiro local com mais mortes no mundo, o Brasil também sumiu das tabelas da OMS. O país, vivendo o um apagão de informações, aparece abaixo até mesmo que locais como a Grécia, que conta com a população inferior ao total da cidade de São Paulo.
Na avaliação de técnicos que fazem parte dos comités da OMS, é importante reforçar que, sem monitoramento adequado de dados no Brasil, é impossível obter uma estimativa adequada do impacto da pandemia e planejar medidas de mitigação para sobrecarga de serviço e falta de profissionais nos diversos setores em função da infecção.
Para os especialistas, isso é fundamental tanto do ponto de vista de saúde quando para minimizar o impacto na economia.
Já outros alertam que, sem um mapeamento eficaz da pandemia no Brasil, o temor é de que países da região possam ficar ainda mais vulneráveis.
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