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Com ameaças, EUA exigem retirada de tropa russa da fronteira com a Ucrânia
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Em um encontro que durou oito horas, nesta segunda-feira em Genebra, o governo americano de Joe Biden mandou um recado claro à delegação russa: o presidente Vladimir Putin precisa retirar da fronteira ucraniana os 100 mil soldados que ele destacou para a região, gesto que abriria espaço para negociações diplomáticas e um eventual acordo para a região. Mas caso haja qualquer gesto de Moscou de ameaça contra o território da Ucrânia, sanções financeiras, comerciais e militares serão impostas.
O encontro ocorreu num dos momentos mais tensos na relação entre o Ocidente e o Kremlin. Nos últimos meses, Putin enviou para a região da fronteira contra a Ucrânia cerca de cem mil homens, o que criou um temor sobre a segurança do país e da Europa.
A reunião, porém, não deu sinais de aproximar posições entre as duas potências. Se a Casa Branca ofereceu continuar as conversas, não ficou claro se do lado russo a proposta foi aceita. Nenhuma nova data para encontros foi estabelecida. Sergey Ryabkov, o negociador russo, admitiu que o encontro foi "difícil" e que Moscou não conseguiu uma garantia de que não haverá uma expansão da OTAN para países que fazem fronteira com o território controlado pelo Kremlin.
Após o encontro em Genebra, Moscou insistiu que não existe motivo para uma preocupação por conta dos militares, que não haverá uma invasão da Ucrânia e que o deslocamento era apenas um exercício militar.
Mas, para a vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, a explicação russa não convenceu. Segundo ela, Moscou precisa ainda explicar o motivo pelo qual enviou 100 mil homens para a fronteira e esclarecer por qual motivo o suposto exercício militar não foi notificado aos demais parceiros internacionais.
Segundo ela, tem sido tradicional que um governo informe aos demais sobre exercícios. "Nada disso foi notificado", afirmou a negociadora americana, que não escondeu suas dúvidas sobre as intenções russas.
"Ou essas tropas retornam para a caserna ou os russos precisam explicar que exercícios são esses", cobrou. Para ela, a opção pela desescalada é o único caminho a ser tomado se Moscou quer, de fato, apostar na diplomacia.
Ameaça de sanções
Durante o encontro, o governo americano também alertou que, se houver uma investida dos russos nos territórios ucranianos, a resposta da Casa Branca será "muito maior" do que ocorreu quando Moscou anexou parte do país europeu em 2014.
"Os custos serão enormes para a Rússia, que precisa tomar uma decisão", disse Wendy Sherman.
Para os americanos, cabe à Rússia "desescalar a crise" para abrir espaço para negociações diplomáticas. Caso contrário, sanções serão impostas. Isso inclui medidas financeiras, controle de exportação de tecnologia para empresas russas, um fortalecimento da presença militar da OTAN em alguns territórios e um apoio militar americano para a Ucrânia.
O governo americano também insistiu que a proposta da Rússia para estabelecer um entendimento na região não é uma base para a negociação. Moscou acusa o Ocidente de estar violando pactos dos anos 90 e promovendo uma expansão da OTAN para suas fronteiras.
Uma das propostas dos russos seria a de estabelecer limites para a adesão de países à aliança militar. Mas Washington se nega a aceitar esse princípio.
A negociadora admitiu que a Casa Branca estava disposta a ouvir as preocupações de segurança dos russos. Mas insistiu que a OTAN não pode ter sua ação ou adesões limitadas. Tampouco pode ser tomada uma decisão sobre a escolha soberana de um país de optar por uma aliança ou não. "Um país não pode impedir que outro país entre em uma aliança", disse.
"A Rússia não pode ter veto na OTAN. Cabe aos países escolher suas orientações de política externa e isso não deve ser decidido nem por outros e nem por força", completou.
O governo americano, porém, sinalizou que, se houver uma desescalada da parte dos russos, estaria disposto a pensar em um acordo, que envolveria regras sobre o posicionamento de mísseis, reabertura de financiamento por meio do FMI e limites recíprocos em exercícios militares.
A partir de amanhã, as negociações com a delegação russa se mudam para Bruxelas, onde encontros serão realizados entre a OTAN e o Kremlin.
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