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Sem quebrar patentes, farmacêuticas terão receita de R$ 460 bi com vacinas
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Resumo da notícia
- Multinacionais do setor de saúde devem somar receita de R$ 460 bilhões com vacinas, apenas em 2022
- Países ricos se recusam a negociar proposta de indianos e africanos para suspender patentes de vacinas e, assim, garantir produção de genéricos
- Por meses, Brasil foi um dos países que bloqueou a suspensão de patentes
A receita das grandes empresas farmacêuticas chegará a quase meio trilhão de reais apenas com a venda de vacinas contra a covid-19, no ano de 2022. As previsões são da consultoria Airfinity que, desde o início da pandemia se transformou na principal referência sobre mercado e projeções de produção de imunizantes.
Os dados do levantamento indicam que, em 2022, as grandes empresas do setor terão uma receita de US$ 84,9 bilhões (R$ 460 bilhões) com a venda de vacinas, 29% superior ao que já obtiveram em 2021. Os cálculos excluem as vacinas chinesas.
Apenas a Pfizer/BioNTech terá vendas de US$ 42,7 bilhões, seguida pela Moderna, com US$ 25,7 bilhões. Os imunizantes serão os dois produtos médicos mais vendidos do ano. O terceiro maior ator nesse mercado é a AstraZeneca, com estimativas de US$ 4,3 bilhões, seguido pela Janssen com US$ 3,5 bilhões.
Essas vacinas estão sob proteção de patentes, o que tem levado a um intenso debate diplomático sobre o monopólio que ficou garantido mesmo diante da pior pandemia em cem anos, com milhões de mortos e uma crise social que desfez 30 anos de avanços no combate à pobreza.
Em 2021, os ricos ficaram mais ricos, enquanto um novo exército de pobres surgiu. A fome voltou ao centro da mesa, enquanto o desemprego atingiu níveis inéditos em vários países.
Apesar disso, os países de empresas detentoras de patentes dessas vacinas se recusaram a negociar a suspensão da propriedade intelectual, conforme havia sido proposto por indianos e africanos.
O que os emergentes alegam é que, com a suspensão das patentes, o monopólio seria retirado e versões genéricas poderiam ser produzidas pelo mundo. Mas, depois de mais de um ano de negociações, os países ricos não cedem. Por meses, o governo brasileiro tampouco aderiu à iniciativa dos países em desenvolvimento.
Para tentar reduzir a pressão, empresas e governos fizeram doações e estabeleceram alguns contratos limitados de transferência de tecnologia. Mas, para ativistas de direitos humanos, cientistas e governos de países pobres, apenas a suspensão da patente poderia de fato desafogar o mercado, permitir a produção de versões genéricas dos produtos e garantir uma maior cobertura de vacinas.
A consultoria Airfinity indica ainda que, mesmo com o aumento da capacidade de produção, haverá mais demanda que oferta dos produtos. Até o início desta semana, quase 10 bilhões de doses de vacinas já tinham sido produzidas no mundo, somando também os imunizantes chineses.
Isso se dá pelo fato de que 3 bilhões de pessoas no mundo ainda não estão vacinadas, principalmente nos países em desenvolvimento. Além disso, países ricos aceleraram uma corrida para garantir a 3ª ou 4ª doses para sua população.
"Estimamos que a Pfizer e a Moderna venderão 5,4 bilhões de doses este ano, mas a demanda global é muito maior do que isso", disse o analista-chefe da Airfinity, Claus Johansen.
Outra projeção da consultoria é de que, à medida que pandemia se transformar em uma situação endêmica, empresas farmacêuticas devem elevar os preços dos produtos.
Se confirmado o perfil menos agressivo da variante ômicron, o setor acredita que a corrida por vacinas não aumente de intensidade.
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