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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS: Covid gera montanha de lixo hospitalar e ameaça meio ambiente

Máscara e luva usada poluem meio ambiente - Getty Images/iStockphoto
Máscara e luva usada poluem meio ambiente Imagem: Getty Images/iStockphoto

Colunista do UOL

01/02/2022 05h31

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Bilhões de embalagens de vidro de doses de vacinas, máscaras, luvas, óculos especiais, seringas, testes usados e kits relacionados com o combate à covid-19 se transformam em uma dor de cabeça extra para serviços de saúde e agora ameaçam hospitais e seus pacientes.

O alerta está sendo lançado nesta terça-feira pela OMS, que revela a existência de toneladas de resíduos perigosos que terão de ser tratados por anos. Só em Nova Déli, no auge da crise sanitária, hospitais geraram quatro vezes mais lixo que a média dos últimos anos.

Uma das características do coronavirus é sua capacidade de sobreviver em superfícies e, portanto, se desfazer do lixo hospitalar nesta situação envolve uma operação delicada. De acordo com a OMS, profissionais de saúde e comunidades que vivem perto de centros de atendimento são os mais ameaçados.

O informe da OMS pede que governos dediquem recursos para lidar com essa nova situação, apontando ainda para o fato de que a covid-19 levou a uma corrida pelo plástico em diferentes redes de abastecimento.

A agência estima que, apenas entre março de 2020 e novembro de 2021, 87 mil toneladas de equipamentos de proteção foram adquiridas por meio dos sistemas da ONU. 140 milhões de testes que representam outras 2,6 mil toneladas também foram comercializadas, enquanto as mais de 8 bilhões de doses de vacinas já administradas geraram 144 mil toneladas de lixo. A pandemia também gerou 731 mil litros extras de lixo químico.

Se antes da pandemia um terço dos hospitais pelo mundo não tinha condição de administrar seu lixo de uma maneira segura, o temor da entidade é de que essa nova montanha de dejetos possa criar uma ameaça ainda maior. Nos países mais pobres, 60% dos centros de atendimento não contam com estrutura suficiente para lidar com o lixo hospitalar.

"A covid- 19 forçou o mundo a reconhecer as lacunas e negligenciou aspectos do fluxo de resíduos e como produzimos, usamos e descartamos nossos recursos de saúde, do berço à sepultura", disse Maria Neira, diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS.

O relatório apresenta um conjunto de recomendações para integrar melhores práticas de resíduos, mais seguras e ambientalmente mais sustentáveis na resposta atual à pandemia.

As recomendações incluem o uso de embalagens e transporte ecológicos, materiais recicláveis ou biodegradáveis, além de pedir investimento em tecnologias de tratamento de resíduos que não podem ser queimados.