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Planalto não revela identidade de agentes em agressão a jornalistas no G20
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Apesar da ampla existência e difusão de vídeos com as cenas de agressão sofrida por jornalistas, o Palácio do Planalto não confirma a existência dos atos de violência contra a imprensa por parte de seguranças que faziam a proteção do presidente Jair Bolsonaro por Roma, em 2021. O Executivo tampouco atendeu a um pedido oficial para identificar os agentes.
Em uma carta assinada pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, em resposta a um Requerimento de Informação submetido pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), o Executivo se limita a dizer que nenhum brasileiro esteve envolvido no caso.
Em outubro do ano passado, durante a reunião do G-20 em Roma, jornalistas brasileiros foram agredidos por agentes que faziam a segurança do presidente. A reportagem da TV Globo, Folha e UOL denunciaram os atos, cometidos durante um passeio de Bolsonaro pelas ruas da capital italiana. As cenas foram flagradas por diferentes câmeras, além de testemunhas.
O celular da reportagem do UOL, por exemplo, chegou a ser arrancado da mão do jornalista, enquanto filmava a ação do agente em uma agressão contra a equipe da TV Globo.
No dia 23 de novembro, a deputada enviou um requerimento no qual pedia esclarecimentos sobre a organização da segurança do presidente e sobre as agressões.
O Planalto, porém, respondeu sem dar qualquer detalhe do ocorrido e qualificou a violência de "supostos incidentes", sequer admitindo que a agressão tenha ocorrido.
"Não houve a participação de qualquer integrante da comitiva brasileira nos supostos incidentes, seja pessoalmente, seja sob forma de orientação verbal", escreveu o general.
No exterior, segundo ele, a ação dos agentes de segurança do GSI é restrita a uma atuação mais imediata junto à autoridade presidencial, "uma vez que a condição e coordenação das atividades de segurança ficam a cargo das autoridades de segurança do país visitado".
Augusto Heleno garante que os agentes brasileiros eram servidores públicos. Mas indica que "a respeito dos agentes de segurança italianos, não cabe ao GSI informar, já que os mesmos não estavam sob seu controle".
Questionado sobre o conteúdo das instruções dadas pelo Palácio, o general também rebateu. "Não há o que informar a respeito de "origem e o conteúdo das ordens dadas que resultaram nas ações flagrantemente ilegais e abusivas", já que nenhum agente brasileiro esteve envolvido", escreveu o general.
"Não houve, por parte de agentes da Segurança presidencial, orientação no sentido de agredir jornalistas e protestantes", disse.
O Planalto tampouco deu resposta quando o requerimento cobrou a "identificação dos agentes de segurança que acompanhavam o chefe do Executivo na ocasião".
"Não houve participação de qualquer integrante da Segurança Presidencial brasileira nos supostos incidentes", se limitou a escrever o general.
Em seus três anos de governo, Bolsonaro colecionou ataques verbais contra a imprensa, enquanto sua administração foi denunciada em órgãos internacionais e até por governos estrangeiros por violações contra a liberdade de imprensa.
Diante do documento do governo, a deputada Fernanda Melchionna qualificou a resposta como "absurda". "Na prática, é uma tentativa de inviabilizar e se desresponsabilizar da identificação de agressores a jornalistas, além de ser espantosa a afirmação que o GSI não se responsabilize com a segurança do presidente em eventos no exterior", disse.
"Todos os relatos citam muitos brasileiros na comitiva do presidente. Cabe lembrar que mentir a um requerimento de informação é crime de prevaricação", completou a parlamentar.
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