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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Guerra leva preços de alimentos a bater recorde no mundo

04.abr.2022/ Famílias chegam abaladas para embarcar em um trem na estação central de Kramatorsk enquanto fogem da cidade oriental de Kramatorsk, na região de Donbass - FADEL SENNA / AFP
04.abr.2022/ Famílias chegam abaladas para embarcar em um trem na estação central de Kramatorsk enquanto fogem da cidade oriental de Kramatorsk, na região de Donbass Imagem: FADEL SENNA / AFP

Colunista do UOL

08/04/2022 05h59

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A guerra na Ucrânia leva os preços mundiais dos produtos alimentícios a atingir em março seus níveis mais altos já registrados. Os dados são da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que aponta um impacto profundo nos mercados de grãos básicos e óleos vegetais.

A constatação vem dias depois que a ONU alertou que a guerra na Ucrânia teria um impacto global para 1,2 bilhão de pessoas, com o aumento de preços de alimentos e de energia e o risco de uma explosão da fome. Na FAO, a entidade já costura um fundo de US$ 23 bilhões para ajudar países que importam alimentos para que possam bancar a continuação da compra de commodities, estabilizando o preço e suas contas externas.

Só no Oeste da África, a taxa de famintos quadruplicou entre 2019 e 2022, atingindo 43 milhões de pessoas. A crise de alimentação na região é a pior na década.

Agora, a FAO constata que seu Índice de Preços de Alimentos atingiu uma média de 159,3 pontos em março, 12,6% acima de fevereiro, quando já havia atingido seu nível mais alto desde sua criação em 1990. O Índice mede as mudanças mensais nos preços internacionais de uma cesta de commodities alimentares.

No que se refere aos cereais, a alta foi de 17,1% em março, em comparação às taxas de fevereiro, impulsionada por grandes aumentos nos preços do trigo e de todos os grãos, em grande parte como resultado da guerra na Ucrânia.

"A Federação Russa e a Ucrânia, juntas, foram responsáveis por cerca de 30% e 20% das exportações globais de trigo e milho, respectivamente, nos últimos três anos", disse a FAO.

"Os preços mundiais do trigo subiram 19,7% durante o mês, exacerbados pela preocupação com as condições da safra nos Estados Unidos da América", destacou.

"Enquanto isso, os preços do milho registraram um aumento de 19,1% mês a mês, atingindo um recorde juntamente com os da cevada e do sorgo", explicou a agência

Já o Índice de Preços de Óleo Vegetal da FAO aumentou 23,2%, impulsionado pelo aumento das cotações do óleo de girassol, do qual a Ucrânia é o maior exportador do mundo.

Os preços do óleo de palma, soja e colza também subiram acentuadamente como resultado dos preços mais altos do óleo de girassol e do aumento dos preços do petróleo, com os preços do óleo de soja ainda mais sustentados pelas preocupações com a redução das exportações da América do Sul.

Mesmo no que se refere ao açúcar, a FAO destaca uma alta de 6,7% desde fevereiro, revertendo as recentes quedas para atingir um nível mais de 20% maior do que em março de 2021.

"Os preços mais altos do petróleo foram um fator impulsionador, juntamente com a valorização cambial do real brasileiro, enquanto as perspectivas favoráveis de produção na Índia impediram aumentos mensais maiores dos preços", indicou.

O Índice de Preços da Carne aumentou 4,8% em março para atingir o nível mais alto de todos os tempos, liderado pelo aumento dos preços da carne de porco relacionado ao déficit de suínos para abate na Europa Ocidental.