Topo

Jamil Chade

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Bolsonaro é um dos poucos líderes do G20 a não felicitar Macron por vitória

O presidente da França, Emmanuel Macron, e Jair Bolsonaro durante o encontro do G20, em Osaka (Japão) - JACQUES WITT/AFP
O presidente da França, Emmanuel Macron, e Jair Bolsonaro durante o encontro do G20, em Osaka (Japão) Imagem: JACQUES WITT/AFP

Colunista do UOL

24/04/2022 18h46Atualizada em 25/04/2022 13h35

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ao contrário dos principais líderes europeus, ocidentais, adversário e democracias pelo mundo, o governo de Jair Bolsonaro não se manifestou ainda sobre a vitória de Emmanuel Macron por um novo mandato presidencial na França.

Entre os países do G-20, apenas três deles não se manifestaram ainda sobre o resultado da eleição: Brasil, Indonésia e África do Sul.

Já no domingo, as reações internacionais foram amplas, incluindo o chanceler alemão Olaf Scholz, o britânico Boris Johnson, o americano Joe Biden, os principais chefes das instituições europeias, os diretores da OMS e agências da ONU, além dos governos do Canadá, Irlanda, Espanha, Holanda, Portugal, Itália, Noruega, Suécia e diversos outros.

Praticamente todos apontavam para o mesmo tom em suas mensagens: a defesa da democracia.

Na América do Sul, os governos da Argentina e da Colômbia também já enviaram mensagens ao presidente francês. Nesta segunda-feira, até mesmo Vladimir Putin insistiu em desejar "sucesso" a Macron em seu novo mandato. Quem também mandou votos de sucesso foi Xi Jinping, presidente da China.

México, Austrália, Turquia, Arábia Saudita e Índia também mandaram mensagens ao presidente francês.

No caso do Brasil, a coluna foi informada que uma nota oficial já foi produzida no Itamaraty, mas estava "parada" no Palácio do Planalto no domingo. Um dos cenários é de que Brasília irá aguardar a confirmação do resultado pela corte constitucional da França, antes de se exprimir. Isso deve ocorrer apenas na quarta-feira.

A ordem é a de não demonstrar "empolgação" com um líder que, nos últimos três anos, antagonizou com Bolsonaro, criticou o desmatamento no Brasil, recebeu o cacique Raoní e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo fontes em Brasília revelaram, o governo vai se pronunciar. Mas não de forma imediata. Procurado pela reportagem, o Itamaraty ainda não se manifestou.

Macron, que teve sua esposa ridicularizada por Bolsonaro, chegou a dizer em declarações ao UOL em novembro de 2021 que a relação entre França e Brasil "já teve dias melhores". Nos primeiros meses do governo Bolsonaro, Paris ainda foi humilhada quando o chefe da diplomacia de Macron foi esnobado pelo presidente brasileiro. No lugar do encontro que estava planejado com o francês, Bolsonaro decidiu fazer uma live cortando o cabelo. O gesto foi recebido pelos franceses como um desaforo.

Ao não emitir de forma imediata uma nota ao presidente francês, Bolsonaro repete seu gesto de ser um dos últimos chefes de estado do G20 a saudar a eleição de um líder de uma potência.

Isso ocorreu quando Joe Biden foi eleito. Bolsonaro e seus aliados chegaram a repetir o discurso do derrotado Donald Trump sobre uma suposta fraude na eleição americana.

Desta vez, na ala mais radical de apoio ao presidente Bolsonaro, a torcida era pela vitória de Marine Le Pen, o que reforçaria a rede ultraconservadora no mundo e seria um ponto de apoio para o atual presidente brasileiro.

Macron já contou com uma declaração de apoio de João Doria emitida na noite deste domingo e, antes mesmo da eleição, Lula pediu apoio ao francês nas redes sociais.