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Em Davos, líder de favela cobra respostas à exclusão social
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O brasileiro Celso Athayde venceu, nesta semana, o prêmio de Empreendedor do Ano de Impacto e Inovação, do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Nascido na Baixada Fluminense, Celso já havia morado em três favelas, abrigos públicos e na rua antes de completar 16 anos de idade.
Hoje, é autor de sete livros, foi fundador da CUFA (Central Única das Favelas) e, em 2015, criou um grupo de empresas focadas nas favelas e seus moradores: a Favela Holding, com 20 empresas, todas com ações nas periferias.
Ao receber o prêmio, Celso fez um apelo durante o evento que reúne os maiores empresários e líderes políticos do mundo. "O avanço do empreendedorismo nas favelas é urgente, não apenas no Brasil. O mundo precisa escolher. Ou dividimos com as favelas as riquezas que elas produzem, ou continuaremos dividindo as consequências da exclusão social que a elite mundial continua produzindo", disse.
Apesar de não ter cursado faculdade, Celso já palestrou em algumas das mais importantes do mundo, como London School of Economics, Harvard, MIT, Columbia University.
Durante a pandemia de covid-19, com o intuito de amenizar as dificuldades que os moradores de favela enfrentam, por conta do isolamento, Celso criou e é coordenador geral do projeto CUFA Contra o Vírus, que arrecada doações de mantimentos e distribui para moradores de mais de 5 mil favelas de todo o Brasil e o Mães da Favela, que contempla milhões de mulheres moradoras desses territórios, que chefiam os seus lares, com uma bolsa de R$ 240.
Ao receber o prêmio, ele deixou claro a dimensão do desafio que existe pela frente. "Venho de um lugar que simboliza a exclusão social no Brasil. Venho de uma favela chamada Sapo. Meus pais eram alcoólatras e minha mãe e eu moramos na rua por seis anos", disse.
"Essa tragédia pessoal me mostrou a necessidade de empreender para sobreviver, e desde então dediquei a minha vida ao empreendedorismo na base da pirâmide", contou.
Segundo ele, há 17 milhões de pessoas morando em favelas do Brasil, duas vezes a população da Suíça. "Esse é o número de pessoas que no Brasil não têm acesso a serviços básicos", disse.
Mas ele rejeita o fatalismo. "As favelas são territórios cheios de resiliência e alegria. Favela não é espaço de carência, mas de potência e confiança", disse.
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