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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Papa bota cocar e quer bispos denunciando violações na floresta; veja vídeo

Colunista do UOL

20/06/2022 11h23

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Num gesto simbólico forte, o papa Francisco recebeu nesta segunda-feira por quase duas horas os bispos da região da Amazônia. Na pauta, o papel da Igreja Católica e a violência contra os povos indígenas e vulneráveis. O pontífice ainda terminou o encontro colocando cocar enviado pelos povos da Amazônia e brincou: "imagina se eu apareço na (Praça) São Pedro com isso?", arrancando gargalhadas.

Francisco recebeu do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) um relatório sobre a violência na região e, segundo religiosos que estavam no encontro, se mostrou "profundamente consciente" do que estava ocorrendo no local.

A reunião nesta manhã contou com 17 bispos vindo da Amazônia, mais especificamente dos Estados do Amazonas, Acre e Roraima.

Em conversa com o UOL, o bispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, explicou que o papa orientou os religiosos a ficarem ao lado dos indígenas e de sempre respeitarem a cultura local.

Mas o bispo indicou que o encontro também foi de esperança. "Ele nos motivou a vivermos a nossa missão de pastores e não burocratas, de não perdemos este foco. E de coragem, para estar junto com as populações mais pobres e, sobretudo, que a Igreja saiba respeitar as culturas, o desafio da encarnação", afirmou.

Dom Roque indicou que os casos específicos de Dom Phillips e Bruno Pereira não foram tratados. Mas revelou que o papa sabe das dificuldades da região e da necessidade de se modificar a forma de lidar com os biomas.

Segundo a agência oficial da Santa Sé, outro recado do papa foi para que os bispos atuem "sem medo" e que denunciem aqueles que violem os direitos das populações indígenas. Lúcio Nicoletto, administrador apostólico de Roraima, afirmou que o pontífice encorajou os bispos a atuarem "sem medo de encarar os desafios que nos apresenta o momento atual, que precisa de uma palavra profética para anunciar a esperança do Evangelho da vida, mas também denunciar tudo aquilo pisoteia os direitos fundamentais das populações indígenas e do cuidado com a casa comum".