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ONU: crimes de guerra foram cometidos na Ucrânia e cita estupro de idosos
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No primeiro resultado de um inquérito internacional independente sobre a guerra na Ucrânia, uma comissão criada pela ONU concluiu que crimes de guerra foram cometidos no país europeu. O grupo, que apresentou seu informe nesta sexta-feira em Genebra, listou regiões que foram alvos de ataques realizados por russos e até o estupro de idosas por parte de soldados do Kremlin. A investigação também registrou alguns casos de abusos por parte das tropas ucranianas.
Com base em suas investigações sobre eventos nas regiões de Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy, a Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia documentou violações, tais como o uso ilegal de armas explosivas, ataques indiscriminados, violações da integridade pessoal, incluindo execuções, tortura e maus-tratos, e violência sexual.
No documento, não há uma responsabilização ainda direta de quem seriam os autores dos crimes, já que essa investigação ainda está sendo realizada. Mas a comissão deixa claro que registrou atos de tortura e abusos em prisões mantidas pelos russos. As cidades ainda investigadas foram justamente aqueles que, no início da guerra, tinham sido ocupadas por forças russas.
Em visita à Ucrânia em junho de 2022, a Comissão constatou os danos que as armas explosivas causaram em edifícios residenciais e infraestrutura em áreas povoadas, incluindo escolas e hospitais. "Alguns dos ataques investigados pela Comissão foram realizados sem distinção entre civis e combatentes", disse.
"Ficamos impressionados com o grande número de execuções nas áreas que visitamos", afirmou Erik Møse, presidente da Comissão. "Estamos preocupados com o sofrimento que o conflito armado internacional na Ucrânia tem imposto à população civil", disse.
A Comissão está atualmente investigando execuções em 16 cidades, e recebeu alegações credíveis a respeito de muitos outros casos semelhantes. +Elementos comuns a estes crimes incluem a detenção prévia das vítimas e sinais visíveis de execução, tais como mãos atadas atrás das costas, ferimentos de bala na cabeça, e gargantas cortadas", alerta a entidade.
Segundo eles, as testemunhas forneceram à Comissão relatos consistentes de maus-tratos e torturas realizadas durante o confinamento ilegal. Algumas das vítimas relataram que após a detenção inicial pelas forças russas na Ucrânia, foram transferidas para a Federação Russa e mantidas durante semanas em centros de detenção, onde foram submetidas a tortura e outras formas de maus-tratos.
Estupro de idosas
Um dos aspectos que chocou ainda os investigadores foi o amplo uso da violência sexual, com soldados russos apontados como os responsáveis. "A idade das vítimas de violência sexual e baseada no gênero variou de quatro a 82 anos", disse.
A Comissão também descobriu que crianças foram expostas a repetidas explosões, violações, deslocamento forçado e separação de membros da família, assim como outras violações.
Nas quatro áreas onde a investigação foi conduzida -- Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy -- a Comissão processou dois incidentes de maus-tratos contra soldados da Federação Russa por forças ucranianas. Embora poucos em número, tais casos continuam a ser objeto da atenção da Comissão.
Para realizar o trabalho, o grupo visitou 27 cidades e entrevistou mais de 150 vítimas e testemunhas.
Moscou promove boicote de reunião
As conclusões foram questionadas pelo governo russo, que optou por boicotar a reunião em Genebra nesta sexta-feira, enquanto seus aliados como Síria e Venezuela condenaram a "seletividade" do informe.
Já os dados apresentados pela comissão independente foram considerados por potências ocidentais como um passo importante. Para o governo americano, o documento revela as violações cometidas pelos russos e pela que justiça seja feita. Washington ainda denuncia que entre 900 mil e 1 6, milhão de ucranianos estão sendo forçadamente deslocados para o território russo.
"A guerra de agressão da Rússia é acompanhada de atrocidades maciças, bombardeio de alvos civis, estupro, assassinato, tortura e deportações forçadas, tudo isso constituindo crimes de guerra, o que a França condena", disse o governo de Emmanuel Macron, durante o encontro.
"Também condenamos nos termos mais fortes as atrocidades cometidas e Izum, na Ucrânia, sob a ocupação russa. Centenas de corpos, alguns deles com vestígios de morte violenta ou tortura, foram enterrados ali", alertou.
"Os perpetradores desses abusos devem ser responsabilizados por suas ações. A França apoia os esforços feitos nesta direção pela Ucrânia, enviando especialistas e equipamentos, pelo Tribunal Penal Internacional, reforçando os recursos de seu promotor e por esta Comissão. Seu mandato é fundamental para documentar estes atos indescritíveis", concluiu.
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