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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Lula se reúne com Noruega e Alemanha para negociar Fundo da Amazônia

Colunista do UOL

17/11/2022 05h34

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá se reunir nesta quinta-feira, no Egito, com os representantes dos governos da Noruega e Alemanha, os principais financiadores do Fundo da Amazônia. O objetivo do encontro, segundo a coluna apurou, é dar sinais concretos aos dois países europeus de que o Brasil quer o restabelecimento urgente do mecanismo criado para justamente colaborar no combate ao desmatamento no país.

Em seu discurso na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, na quarta-feira, Lula destacou que o Brasil quer e precisa de ajuda para lidar com o desmatamento. Essa é uma posição radicalmente diferente do tom usado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que insistia em afastar qualquer participação estrangeira e desmontou os mecanismos de cooperação.

Lula, porém, deixa claro que qualquer iniciativa estrangeira não poderá significar qualquer ameaça à soberania e que caberá ao Brasil pilotar o mecanismo.

No caso dos encontros desta quinta-feira, em Sharm El Sheik, o primeiro ocorre com o Ministério do Meio Ambiente da Noruega. O governo de Oslo, no dia seguinte à vitória do petista, anunciou que quer retomar o processo de transferência de recursos. O gesto foi recebido como um aval importante para a eleição e ao novo mandato.

Já naquele momento, o ministro norueguês do Clima e Meio Ambiente, Espen Barth Eide, confirmou a volta do dinheiro. "Conversaremos com a equipe dele [Lula] para preparar as formalidades e montar uma estrutura de gestão", disse. "Há quantias significativas congeladas em uma conta no Brasil no Fundo Amazônia, que podem ser desembolsadas rapidamente", disse Barth Eide, em entrevista ao NTB.

Os dois países tinham estabelecido o maior fundo de cooperação internacional durante o governo Lula, com mais de US$ 1 bilhão e administrado pelo BNDES e instituições em Oslo. Mas, em 2019, o governo de Jair Bolsonaro colocou novas exigências que acabaram levando a Noruega e a Alemanha a encerrar a transferência de recursos.

"Houve um aumento maciço do desmatamento sob Bolsonaro, o que tem sido muito preocupante. Todo mundo preocupado com o clima viu dolorosamente como ele desrespeitou completamente os antigos acordos e promessas", disse Barth Eide.

"Este é um dia importante. É bom para o Brasil, mas também para o mundo inteiro", disse o ministro em Oslo. Barth Eide admite que Lula não terá um governo fácil, diante da situação do Congresso.

Lula ainda estará com a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annelena Baerbock, que também sinalizou com o retorno dos recursos de Berlim ao mecanismo de combate ao desmatamento.

"Loucura climática"

O gesto de Lula na COP27 e a retomada da inserção do Brasil no debate climático foi alvo de críticas por parte do ex-chanceler Ernesto Araújo. Nas redes sociais, ele insistiu em atacar o que chamou de "projeto totalitário global".

"Existe hoje um projeto totalitário global formado pela aliança do crime, da loucura climática e da China comunista", disse.

"O Lula + o sistema político brasileiro, incluindo a "juristocracia", a mídia, os cartéis do crime e os negócios de amigos, são um agente desse projeto totalitário", completou.