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Chanceler de Lula apoiou carreira de Ernesto Araújo no Itamaraty
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O novo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, assume um Itamaraty abalado por quatro anos da gestão de Jair Bolsonaro, com diplomatas perseguidos, uma dívida do Brasil nas entidades internacionais de mais de R$ 5 bilhões, sob o risco de perder o poder de voto do país e relações seriamente afetadas com tradicionais parceiros.
Mas embaixadores experientes apontam para a ironia da história: foi justamente sob Mauro Vieira que a carreira diplomática de Ernesto Araújo ganhou impulso. O diplomata é apontado por muitos dentro e fora do Itamaraty como o responsável por transformar o Brasil em um pária internacional.
Como esse apadrinhamento ocorreu? Quando Mauro Vieira ocupou o cargo de embaixador do Brasil nos EUA, entre 2010 e 2014, o diplomata levou consigo Araújo, que passou a ser o segundo nome mais importante da representação brasileira em Washington. Para muitos ex-colegas do ministro bolsonarista, foi nesse momento que ele entrou em contato com a ala ultraconservadora da política americana, além de desenvolver relações com Olavo de Carvalho.
Mauro Vieira, já no governo de Dilma Rousseff, assumiria a chefia do Itamaraty entre 2015 e 2016, num papel difícil diante dos cortes de recursos e de uma crise institucional profunda. Mas, naquele momento, ele levou para Brasília como subchefe de Gabinete aquele que já havia sido seu número 2 em Washington: Ernesto Araújo.
Com o impeachment e a queda de Dilma, o Itamaraty sob a gestão de José Serra viu uma vez mais Mauro Vieira fazendo gestões para que Ernesto Araújo fosse promovido ao cargo de embaixador. E assim ocorreu.
Foi, então, em 2018 que Ernesto Araújo se aproximaria da família Bolsonaro e, para a surpresa de muitos dentro do Itamaraty, foi escolhido como chanceler do país a partir de 2019.
E como Ernesto retribuiu? Para diplomatas brasileiros em postos no exterior, o que Araújo fez com Mauro Vieira foi uma "traição", ignorando seu ex-chefe e isolando todos aqueles que tinham trabalho em gestões petistas.
Quando o ministro bolsonarista assume, Mauro Vieira era o representante do Brasil na ONU, um dos cargos de maior prestígio no Itamaraty. Mas, em 2020, ele seria avisado que seria substituído, dois anos antes de seu mandato terminar. Em Nova York, Araújo queria um operador de sua política externa que se transformaria em um instrumento de uma agenda ultraconservadora.
Sem possibilidade de assumir um posto de relevância ou uma embaixada importante, Mauro Vieira acabou sendo colocado em Zagreb, uma representação insignificante para a estratégia de política externa do Brasil no mundo.
O mundo não dá voltas. Capota. Agora, Mauro Vieira assumirá o comando de uma operação para voltar a dar credibilidade do Brasil no exterior e tentar apagar o que seu afilhado político causou ao longo dos últimos quatro anos. Já Ernesto tirou licença não remunerada do Itamaraty, até meados de 2023 e vive nos EUA onde sua esposa ocupa posto diplomático.
Nas redes sociais, ele mistura mensagens com teorias conspiratórias, apoio aos golpistas diante de quartéis e citações religiosas. E, claro, um pacote à venda para acompanhar seu curso online com direito a descontos especiais na Black Friday.
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