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Parlamento Europeu aprova moção contra Bolsonaro e amplia seu isolamento
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O Parlamento Europeu aprovou hoje, por ampla maioria, uma resolução condenando os ataques golpistas contra a democracia brasileira e apontando para a responsabilização do ex-presidente Jair Bolsonaro diante da situação do país.
Chancelado por 319 deputados, o texto não tem o poder de lei, mas amplia o isolamento internacional de Bolsonaro e cria um constrangimento político sobre qualquer membro da Europa que possa avaliar acolhê-lo. Foram 46 votos contrários e 74 abstenções.
Para observadores estrangeiros, a decisão ainda é uma primeira iniciativa para lidar com o que muitos no legislativo chamam de "internacionalização" da extrema direita e sua capacidade de minar a democracia.
Deputados europeus indicam que tanto Donald Trump como Jair Bolsonaro "tiveram um papel instrumental" nos ataques contra o Capitólio e contra Brasília, respectivamente.
Os deputados também denunciam a violência da extrema direta e de aliados de Bolsonaro, além de mencionar a prisão do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
O texto "lamenta as tentativas do ex-presidente Bolsonaro e de alguns de seus apoiadores políticos de desacreditar o sistema de votação e as autoridades eleitorais, apesar de não haver evidência de fraude eleitoral, e insta-os a aceitar o resultado democrático das eleições".
Por qual motivo os europeus estão preocupados com o Brasil?
Um dos aspectos centrais é o temor de que os ataques violentos contra instituições democráticas pela extrema direita tenham se transformado em um "fenômeno global".
O texto "reconhece a conexão entre o fascismo transnacional crescente, o racismo, o extremismo e, entre outros, os acontecimentos em Brasília, a invasão do Capitólio dos EUA em janeiro de 2021 e as prisões em dezembro de 2022, referentes a um ataque planejado ao Bundestag da Alemanha".
E as mentiras e redes sociais?
Para os parlamentares europeus, tais episódios foram fortalecidos graças à estratégia de desinformação. Na resolução, eles citam o "fracasso" das redes sociais em moderar ou limitar a difusão de campanhas antidemocráticas, o "fascismo transacional e extremismo".
O Parlamento destaca que algoritmos que promovem conteúdo odioso e desinformação e uma relutância em remover conteúdo ilegal "desempenharam um papel fundamental nesses eventos ao amplificar a retórica agressiva e a violência e ao facilitar a mobilização e a disseminação da desinformação".
Solidariedade a Lula e destaque a decisão de Alexandre de Moraes
1. Condena nos termos mais fortes as ações criminosas perpetradas pelos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro e apoia os esforços em andamento para assegurar uma investigação rápida, imparcial, adequada e eficaz a fim de identificar, processar e responsabilizar todos os envolvidos, incluindo os instigadores, organizadores e financiadores, bem como as instituições estatais que não agiram para evitar estes ataques;
2. Expressa solidariedade com o presidente democraticamente eleito Lula da Silva, seu governo e instituições brasileiras;
3. Destaca que o Supremo Tribunal aprovou um pedido do Ministério Público Federal para investigar o ex-presidente Bolsonaro, pois ele "pode ter contribuído, de forma muito relevante, para a ocorrência de atos criminosos e terroristas"; e expressa preocupação com os atos e omissões dos funcionários públicos, em particular do Governador e da Polícia Militar do Distrito Federal;
"Responsabilidade pessoal"
Antes do voto, num debate na quarta-feira, parlamentares tomaram a palavra para sair em defesa da democracia brasileira. Mas deixaram claro que Bolsonaro deve responder pelos acontecimentos.
"Falo para você, Bolsonaro, que a invasão das instituições democráticas no Brasil é sua responsabilidade pessoal. Com seus ataques contra a democracia, com suas mentiras, a difusão do ódio e a tentativa de dividir a sociedade", disse a deputada Anna Cavazzini, autora da convocação do debate e apoiada por centenas de outros parlamentares.
Segundo ela, se alguém brinca com fogo, um incêndio é possível. "Se você espalha mentiras por meses sobre eleições, que elas seriam roubadas, não atue como se estivesse surpreso se as instituições democráticas literalmente peguem fogo", denunciou.
Na avaliação da deputada Marisa Matias, o processo golpista no Brasil "ainda não terminou" e que continuam os esforços da extrema direita para desestabilização do país.
Extrema direita europeia critica Lula
Uma única voz surgiu para destoar dos diversos discursos. Quem cumpriu esse papel foi Hermann Tertsch, deputado da extrema direita espanhola VOX, partido aliado da família Bolsonaro e herdeira do franquismo.
Para ele, foram os apoiadores de Lula quem incendiaram três ministérios no passado. Ele ainda acusou o atual presidente de fazer parte de uma "rede narcocomunista" e que "tenta minar a democracia, ao lado de (Fidel) Castro". Repetindo à risca o discurso bolsonarista, o deputado europeu afirmou que "a real ameaça é o Foro de São Paulo".
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