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Jamil Chade

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quem morre de fome no Brasil morre assassinado

Crianças desnutridas atendidas na unidade de saúde Surucucu, na Terra Indigena Ianômami (RR) - Antonio Alvarado/@antonioalvaradoc/Urihi Associação Yanomami
Crianças desnutridas atendidas na unidade de saúde Surucucu, na Terra Indigena Ianômami (RR) Imagem: Antonio Alvarado/@antonioalvaradoc/Urihi Associação Yanomami

Colunista do UOL

22/01/2023 19h24

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As imagens de indígenas famintos e abandonados revelam um crime, não uma fatalidade.

Neste domingo, a notícia confirmada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) sobre a morte de uma senhora Ianomâmi na comunidade de Kataroa não pode ser considerada apenas como uma tragédia ou como um destino inevitável de um povo às margens do estado.

Se nos últimos anos ouvimos de um segmento da sociedade e das autoridades de extrema direita a ladainha de que o Brasil alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo, passa a ser incompreensível a existência de famintos no país e revoltante imaginar a morte por desnutrição.

Com safra recorde de grãos, exportação em taxas inéditas e um boom de receita, o Brasil não pode apenas chorar seus filhos abandonados.

Ao desmontar as estruturas do estado, ao criminalizar a sociedade civil, ao deliberadamente humilhar indígenas e ao se recusar a demarcar terras, o governo de Jair Bolsonaro passou a ser responsável por cada uma das mortes.

No século 21, quem morre de fome no Brasil morre assassinado.