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ONU reduz taxa de expansão do Brasil em 2023; mundo terá um dos piores anos
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O crescimento da economia brasileira em 2023 sofrerá um importante freio, com uma previsão de expansão de apenas 0,9% durante o primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O alerta é da ONU, que publica hoje seu informe anual sobre a economia mundial.
A entidade refez os cálculos para a economia mundial e reduziu as projeções para o crescimento do PIB brasileiro. As novas estimativas, de fato, reduzem em 1,3 ponto percentual a expansão da economia nacional para 2023.
Essas são as novas projeções para o Brasil:
- 2023: expansão de 0,9%;
- 2024: o cenário será melhor. Mas, ainda assim, abaixo da média mundial e com um crescimento de apenas 2%.
"Este não é o momento para pensar a curto prazo, ou para uma austeridade fiscal apressada que exacerba a desigualdade, aumente o sofrimento e possa colocar as metas sociais mais longe do alcance. Estes tempos sem precedentes exigem uma ação sem precedentes."
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
Um dos piores crescimentos em décadas
O mundo crescerá em 2023 a uma taxa de 1,9%, segundo a ONU, muito abaixo de 3,1% que era inicialmente projetado, e já se transformando numa das piores taxas de expansão em décadas para a economia internacional.
Para 2024, a taxa será de 2,7%.
Nas economias emergentes, o crescimento neste ano será de 3,9%, contra uma expansão de 1,4% na América Latina.
Projeções para principais economias do mundo, em 2023:
- Índia: 6%
- China: 4,8%
- África do Sul: 1,5%
- EUA: 0,4%
- UE: 0,2%
- Rússia: - 2,9% (negativo)
No caso brasileiro, a taxa de crescimento fica abaixo da média mundial e também da região latino-americana e da média dos emergentes. Nos Brics, apenas a Rússia —em guerra— terá um desempenho mais fraco.
O crescimento do PIB no Brasil deve desacelerar drasticamente para apenas 0,9% em 2023, em meio a uma inflação ainda elevada, taxas de juros mais altas e um crescimento mais lento das exportações. As pressões por consolidação fiscal, incluindo o aumento dos custos do serviço da dívida, limitarão a expansão de gastos sociais e investimentos públicos."
Trecho do informe anual da ONU
Segundo a entidade, a taxa de desemprego diminuiu para um mínimo de 8,7% no terceiro trimestre.
Mas a ONU alertou que "o número de trabalhadores sem um contrato formal contribuiu para esse declínio". Tal situação "atingiu um recorde de 13,2 milhões [de trabalhadores informais], ressaltando problemas estruturais de longo prazo no mercado de trabalho brasileiro".
A inflação em 2023 não repetirá os mesmos valores de 2022, mas continuará elevada, passando de 9,5% para 5,3%.
As projeções ainda apontam que as taxas de juros vão desacelerar substancialmente o crescimento do crédito em 2023, em especial no Brasil, Colômbia e Peru.
"No Brasil, o crescimento do crédito caiu de 16,3% em 2021 para 14,2% em 2022, e está previsto um recuo ainda maior para 8,2% em 2023", destaca.
E no restante da América Latina? O informe destaca como as maiores economias da América Latina vão enferentar uma "desaceleração ampla".
"As perspectivas na América Latina e no Caribe continuam desafiadoras dadas as condições externas desfavoráveis, o espaço limitado da política macroeconômica e a inflação teimosamente alta", disse.
"O crescimento regional deverá desacelerar para apenas 1,4% em 2023, após uma expansão estimada de 3,8% em 2022", afirmou.
De acordo com a ONU, as perspectivas do mercado de trabalho são desafiadoras.
Reduções na pobreza em toda a região são improváveis a curto prazo. Espera-se que as maiores economias da região - Argentina, Brasil e México - cresçam a taxas muito baixas devido às condições financeiras, enfraquecendo as exportações e as vulnerabilidades domésticas."
Na avaliação dos economistas das Nações Unidas, os choques globais recorrentes —a pandemia da covid-19, a guerra na Ucrânia e agora o grave aperto das condições monetárias e financeiras globais— continuam a impedir o crescimento mais sólido da região.
"Os indicadores de pobreza estagnaram por mais de uma década. Os riscos de queda podem piorar ainda mais as perspectivas a curto prazo. Mais deterioração do crescimento na China, Europa e os Estados Unidos poderiam reduzir ainda mais as exportações da América Latina e do Caribe, bem como os fluxos financeiros para a América Latina e o Caribe", alertou a ONU.
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