Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Governo pedirá que representante da ONU sobre genocídio investigue Brasil
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva irá convidar a assessoria da ONU que lida com a prevenção de genocídio para visitar o Brasil e realizar uma apuração sobre a situação dos povos indígenas, em especial em Roraima. A meta do governo é de que um informe internacional ajude a colocar pressão sobre os responsáveis pelos crimes e eventuais omissões do governo de Jair Bolsonaro.
A costura entre o governo e as entidades internacionais foi revelada ao UOL por fontes diplomáticas e confirmadas, nesta tarde, pelo ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. O chefe da pasta, em entrevista ao Grupo Bandeirantes, explicou que o convite fará parte de uma articulação internacional do Brasil sobre o tema.
Silvio Almeida ainda destacou que o governo irá convidar a relatoria da ONU para os povos indígenas para que também visite a região. Segundo ele, a meta é a de permitir que esses mecanismos internacionais examinem a situação e que levem a realidade brasileira para o conhecimento da comunidade internacional.
O ministro, porém, foi cauteloso ao ser questionado sobre as chances de que a situação seja qualificada como genocídio. Segundo ele, será necessário uma apuração para que, depois o crime seja estabelecido.
Mas a decisão do governo de chamar ao Brasil a responsável da ONU por genocídio revela a transformação do comportamento do país diante da crise.
Em 2021, pela primeira vez, o Brasil foi citado nominalmente por uma representante da ONU ao falar da questão do genocídio. Numa reunião do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a situação dos indígenas foi apontada como alarmante.
Wairimu Nderitu, assessora do secretário-geral da ONU para a prevenção de genocídio, afirmou estar preocupada com povos indígenas nas Américas e mencionou o Brasil como um dos exemplos. "Na questão indígena, não podemos enfatizar mais", disse. "Na região das Américas, estou particularmente preocupada com os povos indígenas. No Brasil, Equador e outros países, eu peço aos governos para proteger comunidades em risco e garantir justiça para crimes cometidos", insistiu.
No Tribunal Penal Internacional, o governo Bolsonaro foi denunciado por entidades como a Comissão Arns e líderes como Raoní sobre a situação dos povos indígenas.
Entre diplomatas brasileiros, a referência ao Brasil por parte de uma assessora da ONU foi considerada como "preocupante" e revela que a situação do país estava no foco internacional.
O governo brasileiro de Bolsonaro rejeitava a tese de um genocídio e participou de debates com uma postura dura sempre que o assunto era levantado. Mas a citação inédita levou o assunto a um novo patamar e acendeu o sinal de alerta dentro do governo, naquele momento.
Trocas de telegramas entre os governos do Brasil e de Israel revelam que os dois governos já chegaram a tocar no assunto de uma eventual denúncia se concretizar em Haia.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.