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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Embaixador bolsonarista nos EUA tira férias durante visita de Lula

O diplomata Nestor Forster Junior  - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
O diplomata Nestor Forster Junior Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

09/02/2023 16h46

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O embaixador do Brasil nos EUA, Nestor Forster, tirou férias durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Washington. O diplomata, aliado aos movimentos bolsonaristas, já tinha sido exonerado do cargo pelo novo chanceler Mauro Vieira. Mas ainda ocupava a residência, até que um novo nome seja confirmado pelo Senado.

As férias de Forster foram confirmadas ao UOL pelo Itamaraty. Mas não há qualquer intenção do governo Lula de criar um constrangimento para o diplomata e nem pedir que ele saia da cidade durante a viagem.

O embaixador era um dos pilares da relação entre Donald Trump e Jair Bolsonaro. Ele é ainda tido como a pessoa que apresentou Ernesto Araújo, então diplomata do Brasil em Washington, para Olavo de Carvalho, considerado como um espécie de guru do bolsonarismo.

Assim que assumiu o Itamaraty, Mauro Vieira promoveu uma faxina entre os diplomatas considerados como pessoas de confiança da família Bolsonaro. Forster foi um deles.

Por meses, o embaixador não podia entrar no Departamento de Estado norte-americano, já que não tinha se vacinado. O fato deixava o Brasil numa situação constrangedora de ter um diplomata na capital americana que não podia entrar nos escritórios do que seria o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores de uma das principais potências mundiais.

Ficar em sua residência, portanto, era considerado como uma opção descartada para a comitiva de Lula. Outro fator que pesou para a delegação aceitar a acolhida do governo americano em uma de suas residências foi a questão de segurança. O território dos EUA é visto como o principal antro dos movimentos mais radicais do bolsonarismo.

A viagem ainda marca um retorno de Mauro Vieira ao protagonismo da política externa. Em 2019, ele era o embaixador do Brasil na ONU. Dias antes da chegada de Bolsonaro para discursar na ONU, em setembro daquele ano, ele foi instruído pela gestão de Ernesto Araújo a tirar férias e não estar presente.

Agora, preferiu não repetir o gesto com seus subordinados.