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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Europeus aceitam propostas de Lula sobre Ucrânia em resolução da ONU

30.jan.2023 - Lula se reuniu com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no Planalto - Ricardo Stuckert/Divulgação
30.jan.2023 - Lula se reuniu com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no Planalto Imagem: Ricardo Stuckert/Divulgação

Colunista do UOL

21/02/2023 04h00

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Governos europeus que estão propondo na ONU a aprovação de uma nova resolução condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia aceitaram incorporar no documento as sugestões feitas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O projeto de resolução deve ir à votação na Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima quinta-feira, quando a guerra completa um ano.

O Itamaraty, durante as negociações, propôs que o texto não tratasse apenas da condenação em relação à agressão russa. Mas que abrisse um espaço para falar da "suspensão de hostilidades".

A iniciativa vai no mesmo sentido adotado pelo governo de insistir para que uma espécie de grupo de contato seja estabelecida para servir de canal de comunicação entre as partes no conflito e que um entendimento possa começar a ser desenhado.

Até agora, todas as resoluções foram no sentido de pedir a retirada imediata das tropas russas dos locais ocupados no território ucraniano. Mas poucas foram na direção de sugerir a criação de um espaço de diálogo.

Brasil pode votar ao lado dos europeus, mas explicará seu posicionamento

A aceitação por parte dos europeus das referências e sugestões propostas pelo Brasil pode levar o governo Lula a votar em apoio ao texto. Não há, por enquanto, uma decisão final sobre como o governo irá votar.

Entre diplomatas europeus, a esperança era de que, com esses trechos brasileiros incorporados no texto final, o governo Lula poderia passar a ser um patrocinador da resolução.

Mas essa opção é vista com hesitação, já que colocaria o Brasil em um lado claro do conflito e poderia minar suas chances de ser um mediador.

Um dos cenários trabalhados pelo Palácio do Planalto é de que o voto seja favorável à resolução, mas com o governo pedindo a palavra para explicar sua posição e insistir que o Brasil não tomará parte do conflito.

Nas primeiras semanas da guerra, o Brasil de fato de seu apoio às resoluções que condenavam a agressão russa. Mas, a partir de abril de 2022, o governo ainda de Jair Bolsonaro optou por manter uma abstenção em dezenas de outros textos que foram colocados em voto nas diferentes agências internacionais e regionais.

Em algumas delas, o que europeus e americanos sugeriam era o isolamento diplomático e político da Rússia, além de sanções.

Dentro do Itamaraty, porém, uma das preocupações com o novo texto se refere ao artigo 5º do documento, que pede a "retirada imediata" das tropas russas. O temor do Brasil, assim como de outros países emergentes, é de que o trecho passe a ser um eventual obstáculo para um diálogo, já que ele envolveria não apenas as áreas invadidas nesses últimos doze meses, mas também a Crimeia.