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Jamil Chade

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Assessora de Biden vence candidato apoiado por Brasil em órgão de migração

Sudaneses cruzam a fronteira entre o Sudão e o Chade para fugir do conflito entre Exército e paramilitares - GUEIPEUR DENIS SASSOU/AFP
Sudaneses cruzam a fronteira entre o Sudão e o Chade para fugir do conflito entre Exército e paramilitares Imagem: GUEIPEUR DENIS SASSOU/AFP

Colunista do UOL

15/05/2023 11h44

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A americana Amy Pope é a nova diretora da Organização Internacional de Migrações, numa eleição realizada nesta segunda-feira e marcada por uma forte tensão entre americanos e europeus. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva havia dado seu apoio ao português Antonio Vitorino, que buscava um segundo mandato no comando da entidade.

A Casa Branca apostava que, com a aproximação entre a administração de Biden e o apoio dado ao presidente Lula diante do risco de ruptura democrática no país, poderia haver um espaço para que o brasileiro apoiasse a americana. Pope chegou a viajar ao Brasil, na esperança de convencer o governo de que ela seria a candidata mais adequada.

Mas o governo Lula optou por se aliar aos portugueses, num momento em que Lisboa e Brasília tentam reatar alianças depois de quatro anos de uma relação conturbada com Jair Bolsonaro. Assim que assumiu o Itamaraty, o chanceler Mauro Vieira deixou claro que sua gestão não daria espaços para alianças automáticas, um recado às potências.

Na votação, que ocorreu de forma sigilosa nesta segunda-feira em Genebra, a vantagem americana ficou clara já no primeiro resultado. Na rodada inicial, Amy Pope somou 98 apoios, contra 67 para o português. O governo de Lisboa, diante da decepção, optou por retirar a candidatura de Vitorino, abrindo caminho para a vitória da americana.

A eleição causou uma acirrada disputa e um racha entre europeus e americanos. Vitorino é o atual diretor e, nas agências internacionais, é tradição permitir um segundo mandato para a pessoa no comando. Para a surpresa dos europeus, o governo americano decidiu que gostaria de interromper o mandato do português. Pope era sua vice-diretora e seu gesto de concorrer contra seu próprio chefe foi considerada como um choque para a relação entre Europa e EUA, principalmente num momento de tensão internacional.

O governo americano, porém, sempre manteve o controle da agência e apenas perdeu o comando há cinco anos, diante de uma resposta dura da comunidade internacional às políticas migratórias de Donald Trump. Agora, com Amy Pope, a Casa Branca volta à gestão da agência.

Em 2023, o governo anunciou a volta do Brasil ao Pacto sobre Migrações, um mecanismo criado para permitir um debate coordenado sobre os fluxos migratórios. Sob o governo de Jair Bolsonaro, o então chanceler Ernesto Araújo seguiu a ideologia de Trump de rejeitar qualquer ação internacional em temas migratórios, sugerindo que o assunto era de competência exclusiva dos estados nacionais.

Primeira mulher

Com a vitória da americana, a OIM tem sua primeira mulher no comando desde sua criação, em 1951.

"Durante seu mandato como Diretora Geral Adjunta, Amy Pope implementou uma série de reformas orçamentárias, gerenciais e administrativas para otimizar a entrega em campo e o gerenciamento de riscos da OIM, melhorou os resultados da justiça interna e os resultados operacionais e fortaleceu a coordenação com o sistema das Nações Unidas", disse a entidade, num comunicado.

Antes de ingressar na OIM, Pope atuou como Assessora Sênior de Migração do Presidente Biden em 2021, Assistente Adjunta do Presidente e Assessora Adjunta de Segurança Interna de 2015 a 2017 e como Assistente Especial do Presidente e Diretora Sênior de Segurança Transfronteiriça de 2013 a 2015.

"Na Casa Branca, ela desenvolveu e implementou estratégias abrangentes para gerenciar os surtos de migração, lidar com o tráfico de pessoas, responder aos surtos de zika e ebola e preparar as comunidades para reagir às crises climáticas", afirmou o comunicado. "Ela também ocupou cargos no Departamento de Justiça e no Senado dos EUA", completou.

Amy Pope assume o cargo em outubro.