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Brasil não quer que declaração com G7 sobre fome seja gesto anti-Rússia
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Os países do G7 negociam uma declaração com o Brasil com o objetivo de marcar um compromisso dos governos em lutar para garantir que a segurança alimentar seja preservada diante da guerra na Ucrânia. No final desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será um dos poucos convidados para participar da cúpula do G7, em Hiroshima, marcando a volta do Brasil aos debates do grupo formado por Japão, EUA, Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Canadá, as maiores economias do mundo.
Durante a cúpula, o principal anúncio do grupo será a imposição de novas sanções contra a Rússia, especialmente no setor de energia e financeiro. Mas o gesto ocorre apenas entre os sete governos e sem a participação dos convidados.
Lula hesitou em participar do encontro, temendo que o espaço dados aos convidados de fora do G7 fosse apenas protocolar, sem qualquer papel real nas discussões. Além do Brasil, os governos da Austrália, Vietnã, Indonésia e Coreia do Sul estão entre os convidados.
Mas, depois de um esforço da diplomacia brasileira, ficou estabelecido que a participação não se limitaria a uma foto e consultas superficiais ou uma foto que conceda legitimidade ao bloco.
Além de Lula, outro convidado será o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O ucraniano, porém, participará apenas por vídeoconferência e deve pedir ao G7 para que o apoio militar ao governo de Kiev seja ampliado.
Um dos pontos centrais será o anúncio de uma declaração conjunta de compromisso pela segurança alimentar. O texto final está sendo negociado nesta semana, às vésperas da chegada de Lula e dos demais presidentes.
Mas o governo brasileiro não quer que a declaração se transforme em um ato contra a Rússia, e sim sobre os aspectos negativos da guerra para o combate à fome no mundo.
Por conta das ações militares, toneladas de alimentos que são exportados pela Ucrânia aos países mais pobres do mundo ficaram retidas, causando uma inflação em diversas economias e o aumento da fome. Para os países que tentam adotar uma linha neutra no conflito, também colaborou para a crise alimentar as sanções impostas por europeus e americanos contra os russos.
O Japão, que é o anfitrião do evento e mediador das negociações das declarações, sinalizou que entendia a postura do Brasil, compartilhada ainda por indianos e indonésios.
Mas, entre diplomatas brasileiros, chamou a atenção o fato de que, no final de abril, um encontro dos ministros da agricultura do G7 foi concluído com uma declaração conjunta de condenação aos russos e o impacto que o conflito teve sobre a segurança alimentar global.
"Estamos profundamente preocupados com o impacto devastador que a guerra está tendo sobre a segurança alimentar em todo o mundo, principalmente por meio de picos de preços de grãos, combustíveis e fertilizantes, o que está afetando desproporcionalmente os mais vulneráveis", disse o comunicado dos ministros.
Para eles, o conflito exacerbou a crescente instabilidade alimentar, já afetada pelas mudanças climáticas. Segundo o ministro japonês da Agricultura, Tetsuro Nomura, o comunicado deve "desencadear discussões entre diferentes países e organizações internacionais sobre a segurança alimentar global".
O G7 ainda fechou um acordo para fornecer ajuda para a reconstrução da infraestrutura agrícola da Ucrânia, como irrigação, armazéns e instalações de processamento de alimentos.
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