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Putin diz a Lula que plano de paz de Kiev exigiria "rendição" da Rússia
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Na conversa telefônica nesta sexta-feira com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente russo Vladimir Putin responsabilizou a Ucrânia e os aliados ocidentais por não existir, no momento, espaço para uma negociação sobre a guerra que afeta a Europa.
Na chamada que durou cerca de 30 minutos, o russo afirmou que não existe, neste momento, um interesse nem por parte do G7 e nem de Kiev por um acordo de paz. Segundo fontes que acompanharam a conversa, a fórmula oferecida pelo presidente Volodymyr Zelensky para um cessar-fogo é impraticável e representaria a exigência da rendição da Rússia.
Para Moscou, não haveria negociação se o Kremlin aceitasse as condições colocadas pelos ucranianos. A principal delas é de que todas as tropas russas deixem os territórios da Ucrânia, assim como a Crimeia, anexada ainda em 2014.
A conversa ocorreu poucos dias depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ter esnobado o brasileiro durante o G7 e não aparecido para o encontro que o próprio governo de Kiev havia solicitado. Naquele momento, Lula declarou: "Zelensky é adulto e sabe o que faz".
Na diplomacia internacional, o gesto do ucraniano foi interpretado como uma tentativa de Kiev de anular qualquer pretensão do Brasil de se posicionar como facilitador de um diálogo.
Segundo o Kremlin, a ligação agora para Putin foi uma iniciativa de Lula. O brasileiro queria informar a Putin que não poderia viajar para a Rússia e decidiu aproveitar para dar a mensagem, numa conversa telefônica.
Num comunicado, Moscou explicou que "o presidente brasileiro compartilhou suas impressões sobre sua participação na recente cúpula do G7 (Japão, Hiroshima, 20-21 de maio de 2023) e delineou sua visão de possíveis esforços de mediação para encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia".
Putin, porém, usou a conversa para culpar Kiev e o Ocidente pela falta de diálogo.
"O presidente russo fez uma avaliação baseada em princípios dos desdobramentos da situação na Ucrânia, ao mesmo tempo em que confirmou a abertura do lado russo para o diálogo na via política e diplomática, que continua bloqueada por Kiev e seus patrocinadores ocidentais", afirmou o comunicado.
A declaração ocorre horas depois de as forças russas terem feito o 13o ataque aéreo contra cidades ucranianas, deixando mortos e feridos. Em Dnipro, os ucranianos apontam que uma clínica foi atingida pelos disparos russos.
No início de maio, a delegação brasileira que visitou Zelensky em Kiev afirmou que o ucraniano afirmou também que estava disposto a dialogar. Mas com a condição de que os russos deixassem o território ucraniano.
Lula recusa convite
Apesar do diálogo, a conversa foi marcada ainda pela recusa de Lula de atender a um pedido de Putin para visitar a Rússia. O convite havia sido feito em abril, quando o chanceler russo Sergey Lavrov, esteve em Brasília.
"Conversei agora por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir a Rússia nesse momento, mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz", escreveu Lula nas redes sociais.
Lula ainda conversou nesta semana com o presidente da China, Xi Jinping. "Falamos sobre a conjuntura global, a necessidade da paz na Ucrânia, a participação dos nossos países na cúpula dos BRICS em agosto. E sobre nossa parceria estratégica em âmbito bilateral", completou.
Segundo o Kremlin, foram discutidos na conversa com Lula alguns aspectos tópicos da parceria estratégica russo-brasileira, e "foi expresso interesse mútuo em seu desenvolvimento progressivo e no aprofundamento da cooperação prática em várias áreas".
"Além disso, foram discutidas questões relacionadas ao trabalho conjunto no BRICS e em outras plataformas multilaterais", completou. Segundo Moscou, a discussão foi "construtiva e substantiva".
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