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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Brasil pede investigação sobre barragem na Ucrânia e não culpa Rússia

Ataque destrói barragem da usina de Nova Kakhovka, na região de Kherson, na Ucrânia - AFP PHOTO / Ukrhydroenergo
Ataque destrói barragem da usina de Nova Kakhovka, na região de Kherson, na Ucrânia Imagem: AFP PHOTO / Ukrhydroenergo

Colunista do UOL

07/06/2023 14h40

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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva pede uma investigação internacional e independente em relação ao rompimento de uma barragem na Ucrânia e, ao contrário do presidente Volodymyr Zelensky, não acusa a Rússia.

Kiev culpa o Kremlin pelo suposto ataque. Hoje os ucranianos criticaram duramente a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha por não iniciar uma operação de resgate às populações afetadas pela destruição da barragem. Segundo os ucranianos, 42 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes causadas pelo rompimento dos muros de proteção da represa.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou a Ucrânia de destruir a barragem, por uma suposta sugestão do Ocidente. Para o russo, trata-se de crime de guerra "bárbaro" que agravou o conflito com Moscou.

A barragem de Kakhovka havia sido construída na era soviética e estava em territórios sob controle da Rússia quando rompeu.

O que dizem outros países

O governo brasileiro não é o único a não culpar a Rússia. O Reino Unido, um aliado próximo de Kiev, admitiu que ainda não se pode dizer com total certeza que a destruição ocorreu como resultado de um ato militar russo. Mas, se confirmado, seria um gesto criminoso.

O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos também evitou apontar culpados e pediu "uma investigação completa" para indicar o responsável pelo ato.

Diplomatas americanos, em conversas reservadas com o UOL, estimam que seriam os russos que mais ganhariam com a destruição e o alagamento de uma região que poderia servir para o avanço de tropas ucranianas.

A hesitação não ocorre por acaso. Há poucos meses, uma explosão nos gasodutos que ligam a Rússia aos mercados europeus foi alvo de uma sabotagem. Depois de uma acusação inicial contra Moscou, reportagens e mesmo investigações apontaram que o Kremlin poderia não estar envolvido.

O que diz o Itamaraty

Em nota emitida hoje, o Ministério das Relações Exteriores indicou que "recebeu, com consternação, a notícia do rompimento da barragem de Kakhovka, na Ucrânia".

"O rompimento da barragem demonstra, uma vez mais, o trágico e duradouro impacto da guerra para as populações civis, e também a urgência da busca do entendimento entre as partes com vistas à cessação das hostilidades", afirmou.

"O governo brasileiro está disposto a colaborar, inclusive com as organizações internacionais competentes, para a mitigação das consequências do incidente", disse.

Para o Itamaraty, existe a necessidade de uma apuração.

Além disso, considera indispensável a apuração de responsabilidades no episódio por entidade internacional isenta e independente."

Segundo a nota, o chanceler Mauro Vieira manteve, em 7 de junho, chamada telefônica com o Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, com quem discutiu a preservação da segurança nuclear da usina de Zaporizhia.

"O governo brasileiro reitera seu firme apoio ao trabalho técnico desenvolvido pela AIEA", completou.