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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Para frear Ocidente, Rússia defende América Latina em Conselho da ONU

17.abr.2023 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sai após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira - 17.abr.2023 - Ueslei Marcelino/Reuters
17.abr.2023 - O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, sai após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira Imagem: 17.abr.2023 - Ueslei Marcelino/Reuters

Colunista do UOL

30/06/2023 07h55

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O governo da Rússia defende que o Conselho de Segurança da ONU passe por uma reforma e que um membro permanente venha da América Latina. Numa coletiva nesta sexta-feira, o chanceler russo, Sergey Lavrov, atacou as potências ocidentais e insistiu que a estrutura das Nações Unidas precisa ser modificada. "O tempo de domínio ocidental está acabando", declarou.

A expansão do Conselho de Segurança é um dos mantras da política externa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que defende uma vaga para o Brasil. O argumento é de que a instituição, criada em 1945, já não representa a relação de poder no mundo.

A Rússia, que tem um desses assentos permanentes, insiste que a mudança deve ocorrer. Para Lavrov, há uma "mudança no cenário internacional" e tal transformação está sendo alvo de resistência por parte das potências Ocidentais.

Segundo o chanceler, a atual composição do Conselho de Segurança é "injusta". Além da Rússia, o órgão conta com EUA, França, Reino Unido e China com o poder de veto.

Além da América Latina, o chanceler russo defende a inclusão de um membro extra da Ásia e um país africano.

Para o Kremlin, qualquer iniciativa de americanos e europeus de incluir mais um membro ocidental não seria aceito. "Isso não terá sucesso", afirmou.

Na operação de lobby feito pelo Brasil desde os anos 90, o país tradicionalmente se aliou a um grupo formado por indianos, japoneses e alemães, para que também ganhem vagas permanentes no Conselho de Segurança.

Ainda que Lavrov não cite a candidatura brasileira, a esperança nos bastidores do Itamaraty é de que o país esteja numa posição de "natural liderança" para ser o nome defendido pelos russos.

Nas primeiras semanas da guerra, ainda em 2022, Lavrov deixou claro que seu apoio era ao Brasil. "Queremos representante da Ásia, África e América Latina", disse. "Índia, Brasil e um candidato africano", esclareceu, naquele momento.

Mas observadores alertam que a manobra do Kremlin não teria o mesmo objetivo da estratégia brasileira. Diplomatas na ONU temem que a expansão defendida pelos russos tenha como missão garantir um número maior de aliados no Conselho e, assim, frear qualquer tipo de pressão por parte de europeus e americanos.