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Stella Assange denuncia criminalização do jornalismo e elogia Lula
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A advogada e ativista Stella Assange, casada com Julian Assange, elogia a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de sair em defesa de seu marido, preso no Reino Unido. Para ela, quando o brasileiro fala, "o mundo escuta". Lula vem denunciando a injustiça do processo contra o australiano, acusado de divulgar documentos secretos e confidenciais do governo dos EUA.
Num evento nesta segunda-feira em Genebra para mobilizar a atenção internacional para o caso de seu marido, ela ainda alertou: o atual padrão é o de classificar jornalistas como espiões e o público como inimigo. Se isso não for barrado, o jornalismo como profissão irá morrer. Stella vive dias decisivos.
O processo de extradição de Assange aos EUA está em sua etapa final. Assange foi o responsável por publicar centenas de documentos revelando violações de direitos humanos por parte do governo americano, assim como espionagem e documentos secretos.
Para ela, porém, há um esforço de governos de todo o mundo para criminalizar o jornalismo. Isso vale tanto para a Rússia de Vladimir Putin como para o comportamento dos EUA.
O padrão é qualificar o jornalismo como espionagem. E o publico como inimigo. Se isso for mantido, então todos os jornalistas serão vistos como espiões
Segundo ela, se isso for mantido, "o jornalismo irá morrer como profissão". "O processo contra Assange é uma espécie de bullying aos jornalistas. Ninguém vai querer arriscar sua liberdade", apontou.
Além de Lula, Assange ganhou o apoio do papa Francisco, que se reuniu com Stela. Para ela, é uma responsabilidade da comunidade internacional pressionar pela libertação do australiano.
"Isso não é uma questão de direita ou esquerda", disse. "Isso é uma questão de democracia", afirmou.
Questionada pelo UOL sobre a atitude do presidente brasileiro, Stella agradeceu pelo apoio. Mas insistiu que o maior objetivo não é o de encontrar um local para que Assange viva como exilado político. E sim que ele seja um homem livre.
"O apoio de Lula é realmente muito importante. Trata-se do Brasil. Lula se sente conectado ao caso de Assange, por ter sido alvo de uma processo politicamente motivado para o afastar da presidência", disse.
"Graças ao jornalismo investigativo, foi evidenciado que havia uma conspiração", afirmou.
"Quando Lula fala, o mundo ouve. E é importante que líderes internacionais tenham esse papel", disse.
"Na politica internacional, todo estão no mesmo nível e é necessário fazer referencias às regras que todos eles assinaram e concordaram. E isso é que Lula está fazendo", disse.
"Temos muita gratidão a ele de ter coragem e de falar que Assange deva ser liberado, em plena conferencia de imprensa no Reino Unido", afirmou. Para Stella, Lula chama a atenção daqueles que estão em silêncio.
Asilo no Brasil?
Questionada pelo UOL se Assange aceitaria asilo no Brasil, Stella não fechou as portas. Mas insistiu que a luta não deveria ser essa. "Ele (Assange) não deveria precisar receber asilo", justificou. "Ele deve ser apenas um homem livre", insistiu, agradecendo eventuais posicionamentos de Brasil, México ou outros países que ofereçam esse caminho. "São iniciativas significativas e politicamente importantes", afirmou.
Segundo ela, seu posicionamento não tem como objetivo desestimular que países ou governos ofereçam asilo ao australiano. "Mas se temos um sistema legal que funciona, que protege ativistas de direitos humanos e jornalistas, então ele deveria ser libertado", explicou. "É nisso que todos devem estar focados, em restabelecer padrões e direitos", afirmou.
Para Stella, uma eventual condenação e extradição de Assange vai deixar impune violações de direitos humanos e abuso flagrante de regras internacionais. "Libertar ele é lutar contra a impunidade daqueles que cometeram crimes de guerra", disse. Stela acredita que Biden pode acabar com isso a qualquer momento, retirando o pedido de extradição.
Sua avaliação é de que o caso de Assange já está tendo um impacto real no jornalismo, com grupos abandonando investigações e fontes se recusando a falar, diante do medo de terminar detido. "O impacto de Julian Assange é real e global", alerta.
Stela ainda revela que as condições de saúde de seu marido são cada vez mais frágeis. "Sua situação está se deteriorando", afirmou. "Na verdade, ele não é um homem livre desde 2010", disse.
E ainda lamentou: "a Justiça britânica está fechando todos os caminhos para Assange".
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