Convite para Lula e líderes gera especulação de que Índia mudará de nome
Nos últimos dias, o convite oficial que o governo da Índia mandou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o americano Joe Biden e os demais líderes do G20 causou estranheza entre os diplomatas.
Na carta que anunciava o jantar de gala durante a cúpula do bloco mais importante do mundo, o texto dizia que o evento teria como anfitrião o "presidente de Bharat", e não da Índia.
Os indianos presidem em 2023 o G20 e, como é tradição, o encontro entre os líderes também serve para que o país que vai sediar a reunião use o palco para indicar suas prioridades, valores e agenda internacional.
Mas a decisão dos indianos de usar o termo Bharat para o convite oficial abriu especulações de que Narendra Modi, primeiro-ministro ultranacionalista, poderia estar pensando em abandonar o nome em inglês usado para designar o país: Índia.
Ao longo dos últimos anos, Modi tem liderado uma administração com fortes tendências nacionalistas, gerando confrontos com os muçulmanos no país e outras minorias. Mas ele também vem, progressivamente, retirando todos os símbolos britânicos do cotidiano indiano.
O termo Bharat vem das antigas escrituras hinduístas, talhadas em sânscrito. Na constituição do país, o termo também aparece e, em diversas situações, os indianos usam de forma indiscriminada um ou outro termo.
Mas Modi convocou para o final do mês uma sessão especial do Parlamento para tratar do tema. Analistas apontam que uma das especulações é que o governo ultranacionalista vai oficialmente sugerir que o nome Bharat seja usado preferencialmente, no lugar de Índia.
Seu partido alega que o nome mais usado atualmente é ainda um "símbolo da escravidão", por ter sido imposto por Londres, que governou o território por dois séculos e até 1947.
Mas nem Modi nem seus ministros confirmam ou desmentem os rumores. Enquanto isso, o país se divide entre aqueles que querem que o nome dado pelos britânicos seja colocado em segundo plano e aqueles que acreditam que se trata apenas de mais uma manobra populista de Modi.
Já historiadores alertam que a tentativa de apagar o passado colonial não é a única meta de Modi, que também vem fazendo uma reforma nos livros escolares do país. Além de remover nomes e referências britânicas da estrutura do estado, ele também adotou um plano de remover nomes islâmicos de locais de referência no país e até de importantes ruas.
Críticos de Modi alertam que o gesto ainda tem como objetivo deixar apenas ressaltado o passado hindu do país, justamente para chancelar e fortalecer sua política contrárias às minorias.
Deixe seu comentário