Brasil alegou desequilíbrio em proposta de Israel e votou contra na OMS
O governo brasileiro decidiu não votar por uma resolução que pedia a liberação dos reféns israelenses pelo Hamas por avaliar que a emenda proposta por Israel era desequilibrada e que não tratava da situação dos ataques realizados contra os hospitais em Gaza por parte do governo de Benjamin Netanyahu.
Na semana passada, os países árabes apresentaram uma resolução na Organização Mundial da Saúde (OMS) para condenar os ataques de Israel aos serviços de saúde de Gaza. Mas o governo Netanyahu apresentou uma emenda fazendo um apelo pela liberação dos reféns.
Ainda que esse seja um tema de praticamente consenso no mundo, a proposta de Israel ia além e "condena o uso, por grupos armados, de serviços de saúde, incluindo hospitais e ambulâncias, que colocam a população civil em risco".
A análise de diplomatas era de que a emenda, se tratasse apenas dos reféns, poderia ser aceita. Mas, da forma que estava apresentada, seria desequilibrada ao não se referir aos ataques de Israel aos hospitais.
Na avaliação do Itamaraty, a linguagem apresentada por Israel daria margem a ambiguidades ao não descrever de forma precisa as obrigações perante o direito internacional humanitário.
O texto, portanto, foi considerado como desequilibrado ao enfatizar apenas as violações de direito internacional humanitário cometidas por grupos armados em hospitais, sem mencionar as violações causadas por ataques de Israel.
A emenda acabou sendo aprovada, por 50 votos de apoio e 44 contra, entre eles o Brasil. Mas 83 países optaram pela abstenção ou não estiveram presentes para votar.
Ao tomar a palavra, o embaixador do Brasil na OMS, Tovar Nunes, explicou o posicionamento do Itamaraty e garantiu que o país defende a libertação dos reféns.
"Com relação à proposta de emenda apresentada por Israel, gostaríamos de reiterar nosso apelo pela libertação imediata de todos os reféns e lembrar que todas as partes em conflito são obrigadas a cumprir o direito internacional humanitário e a proteção específica conferida a instalações e unidades médicas, inclusive hospitais", disse o diplomata.
"No entanto, não podemos apoiar a emenda, pois acreditamos que a decisão atual não é o local mais apropriado para abordar essa questão", completou.
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