Jamil Chade

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Israel é alvo de protesto em Paris; inquérito é aberto por antissemitismo

A partida entre Israel e Paraguai foi marcada por protestos e a abertura de um inquérito por antissemitismo. No primeiro tempo do jogo, torcedores fizeram um protesto contra a guerra em Gaza, assim como referência ao Hamas. Uma bandeira palestina ainda surgiu na arquibancada, assim como um cartaz com o slogan "Olimpíadas do Genocídio" e gestos caricaturais em relação aos israelenses.

Os atos no Parc des Princes resultaram no anúncio de um inquérito, sob a suspeita de incitação agravada ao ódio racial. Dez pessoas foram ainda alvo de uma investigação por "gestos antissemitas".

A partida foi a segunda da equipe de futebol de Israel. No primeiro jogo, contra o Mali, uma parte da torcida vaiou o anúncio da escalão do time, o hino nacional e sempre que um dos jogadores israelense tocava na bola durante o primeiro tempo.

Um enorme dispositivo policial ainda foi estabelecido em Paris, temendo que a participação de Israel fosse alvo de atentados ou ataques.

De acordo com o Ministério Público de Paris, a queixa foi apresentada oficialmente pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos. Os organizadores "condenam veementemente esses atos" e afirmaram estar "à disposição das autoridades para ajudar na investigação".

O protesto ocorreu por torcedores que estavam vestidos de negro, com seus rostos escondidos e entoando slogans contra Israel. O grupo ainda se dirigia a um bloco da torcida onde estava o público israelense.

"Israel é um assassino", "Somos todos filhos de Gaza" e "Gaza Gaza, não esqueceremos" eram escutados pelo estádio. Num outro momento, o grupo de manifestantes cantava "Israel está assassinando as crianças da Palestina".

O Paraguai venceu Israel por 4 x 2.

Pressionado, COI se recusou a excluir Israel

Horas antes da Olimpíada começar, o presidente do COI, Thomas Bach, usou seu discurso no Congresso da entidade para insistir na tese da neutralidade política do evento, ainda que tenha admitido que existe um racha internacional como nunca antes desde a Segunda Guerra Mundial. "Nestes tempos difíceis, há tantas forças dividindo a humanidade: o excesso de guerras e conflitos em todo o mundo, a dissociação da economia global, a ganância, o ódio, as notícias falsas, o protecionismo, e a lista continua", disse Bach.

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Reforçando a narrativa de união, ele apontou como os atletas estão "mostrando como viver pacificamente juntos sob o mesmo teto na Vila Olímpica". "Os atletas estão nos mostrando que, em nosso Movimento Olímpico, somos todos iguais. Não há discriminação. Não existe "sul global" ou "norte global", existe apenas uma aldeia global — a Vila Olímpica", completou.

Seu discurso não foi um ato isolado. Em março, o COI aprovou uma declaração, consolidando a proposta de uma despolitização do evento. Desde então, nos bastidores, Bach rejeitou a pressão de governos árabes para que algum tipo de exclusão fosse estabelecido contra Israel, em razão dos ataques em Gaza.

Há menos de uma semana, coube a um deputado da esquerda francesa, Thomas Portes, declarar que os 90 atletas israelenses não seriam bem-vindos em Paris.

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