Chanceler de Bolsonaro atua como assessor da extrema direita espanhola
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O ex-chanceler brasileiro Ernesto Araújo atua como assessor internacional de uma fundação ligada ao Vox, partido de extrema direita da Espanha e herdeiro do franquismo.
O chefe da diplomacia do governo de Jair Bolsonaro causou polêmica por questionar as mudanças climáticas, por abrir crises diplomáticas com governos estrangeiros, por sugerir a mudança da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém e por estabelecer uma relação de aliança automática com Donald Trump.
Araújo não chegou ao final do governo de Bolsonaro. Hoje, ele é apresentado como o assessor internacional da Fundação Disenso, criada pelas lideranças do Vox.
O ex-chanceler é diplomata de carreira, pediu uma licença do Itamaraty e hoje vive nos EUA. A incorporação do diplomata à nova função tem um ano. Procurada, a fundação não respondeu qual a função detalhada do brasileiro e quanto ele estaria recebendo pelo trabalho com um movimento político estrangeiro.
A reportagem do UOL também pediu esclarecimentos ao Vox, mas não obteve respostas.
Anti-imigração, o partido convocou os espanhóis nos últimos anos a "reconquistar" o país e expulsar os imigrantes. Sua cúpula descreve as feministas como "feminazis" e, em 2019, rejeitou classificar o general Francisco Franco como ditador. O militar comandou a Espanha entre 1939 e 1975.

Ao apresentar o brasileiro, a entidade destacou sua participação no 2º Encontro Regional do Foro Madrid, que aconteceu na cidade de Lima em abril de 2023. "Durante seu discurso na reunião, Araújo enfatizou a importância de travar "uma luta pela alma de nossos países e de nossa civilização" em face do totalitarismo", destacou a Fundação. O mesmo Foro Madrid, neste fim de semana, defendeu Elon Musk contra a decisão do STF, no Brasil.
Sua apresentação oficial no site da entidade também destaca o fato de que, "em nível cultural, Araújo é conhecido por ter sido um dos discípulos do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho".
"Essa incorporação faz parte dos planos da Fundação Disenso de expandir sua presença internacional e continuar construindo uma rede entre os países da Iberosfera, que também incluem Brasil e Portugal", afirmou a entidade, na época. "Nesse sentido, Araújo oferecerá assessoria estratégica à área internacional da fundação, dirigida por Eduardo Cader, que também é diretor do Foro de Madri", apontou.
"Em apenas três anos, a Fundação Disenso se tornou a principal oposição ao Foro de São Paulo, ao Grupo Puebla e a seus satélites criminosos na América Latina. É uma honra para mim juntar-me à sua causa em defesa da liberdade", disse o ex-ministro das Relações Exteriores.
Quem são os financiadores da fundação?
A entidade foi criada em 2020 pelo Vox, partido que é considerado como herdeiro do franquismo.
"Defendemos o direito de discordar da opinião dominante, do politicamente correto que limita as liberdades e os direitos fundamentais, a fim de abrir debates públicos que nos permitam forjar um novo consenso em torno da liberdade, da unidade, da soberania e da reivindicação da Espanha como nação", diz a entidade em sua descrição.
A fundação afirma ser um "laboratório de ideias", com princípios como a defesa da liberdade, da soberania nacional, da vida, da família. Também citam a "reivindicação da herança da civilização ocidental".
No site da entidade, três dos patronos são apresentados como membros da cúpula do Vox. Um deles é Santiago Abascal, presidente do partido. O outro é Enrique Cabanas, empresário e também membro da executiva do grupo político. Pablo Sáez, tesoureiro do Vox, também é patrono da fundação.
Na imprensa espanhola, um dos aspectos destacados da entidade é a transferência de milhões de euros do Vox para a Disenso. Só em um ano, o partido transferiu um total de 2,5 milhões de euros para a fundação. Desde 2020, foram cerca de 9 milhões de euros.
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