Jamil Chade

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Reportagem

Brasil apoia Cuba e sanção dos EUA é condenada na ONU por quase unanimidade

Numa das votações com o maior número de repúdios ao embargo aplicado contra Cuba, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução nesta quarta-feira pedindo que as medidas adotadas contra a ilha sejam retiradas por parte dos EUA.

No total, 187 países deram seu voto favorável ao texto que condena a atitude americana. Apenas dois países foram contra: EUA e Israel. Já a Moldávia optou pela abstenção.

O Brasil, que durante o governo de Jair Bolsonaro se unia ao posicionamento americano, voltou a apoiar a condenação ao embargo desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda que a resolução seja aprovada todos os anos, o resultado em 2024 foi um dos mais expressivos, revelando um quase consenso contra as medidas. Nem mesmo os aliados mais próximos dos EUA, como Europa, Japão ou Austrália, seguiram a atitude da Casa Branca.

Nesta semana, o chanceler Mauro Vieira negociou com o governo cubano uma ajuda do Brasil para o abastecimento de combustível, diante da crise energética na ilha que deixou Cuba em um apagão nos últimos dias.

Nesta segunda-feira, em Nova York, o ministro brasileiro esteve com o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodriguez Parrill, para tratar do assunto. A ideia é a de coordenar o envio de combustível.

O chanceler ainda usou um debate na ONU para fazer um apelo para que o governo norte-americano encerre as sanções contra Cuba.

"O Brasil sustenta firmemente que as únicas sanções legítimas no âmbito do direito internacional são aquelas adotadas pelo Conselho de Segurança, nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas", disse Vieira, na Assembleia Geral da ONU.

"O Brasil reitera sua firme, categórica e constante oposição ao embargo económico, comercial e financeiro imposto contra Cuba", disse.

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Segundo ele, o embargo tem causado "sofrimento incalculável" ao povo cubano, tem impedido o desenvolvimento sustentável de Cuba e, como em muitos outros casos semelhantes, tem afetado principalmente os mais vulneráveis.

"A persistência da medida afeta diretamente o exercício dos direitos humanos do povo cubano, limitando o acesso a bens essenciais, como medicamentos e tecnologias indispensáveis ao desenvolvimento", apontou.

Para ele, a rejeição do embargo económico contra Cuba é praticamente um consenso internacional.

Vieira ainda destacou que o Brasil acompanha com "grande preocupação a atual situação de emergência energética em Cuba, agravada pelo embargo e pela recente passagem do furacão Oscar, que causou perdas humanas e destruição significativa na região leste de Cuba".

Para ajudar a mitigar essa situação, ele indicou que o governo brasileiro "acionou medidas de cooperação e assistência, buscando soluções para o fornecimento de combustível e alimentos à população cubana por meio de diversos canais".

Desde setembro, o Brasil forneceu 20 mil toneladas de arroz e 3.116 toneladas de leite em pó, distribuídos à população cubana para ajudar a suprir suas necessidades alimentares básicas.

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"É evidente que as severas sanções injustificadamente impostas a Cuba, tanto pelo embargo como pela sua inclusão na lista de "Estados patrocinadores do terrorismo", vieram agravar ainda mais esta situação", disse. "Estas medidas, que já penalizam injustamente o povo cubano, impedem agora uma resposta adequada à crise humanitária gerada pelo furacão", insistiu.

"Por todas estas razões, instamos os Estados Unidos a reconsiderar a sua política em relação a Cuba: levantar as sanções, retirar Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo e promover um diálogo construtivo baseado no respeito mútuo e na não ingerência", completou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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